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Relatório de Pesquisa
Formação da identidade e revide em A travessia do rio, (1993) de Caryl Phillips
Desde os anos 70, a teoria literária pós-colonial tem se dedicado ao estudo de obras produzidas em contextos de colonização e pós-colonização, analisando os efeitos produzidos pela chegada das metrópoles europeias às colônias. Antes da colonização, não havia a diferença, pois que os sujeitos nativos...
Autor principal: | Rodrigo Anderson Machado Cavalcante |
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Grau: | Relatório de Pesquisa |
Idioma: | pt_BR |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2016
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
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oai:localhost:prefix-32292021-11-10T20:37:50Z Formação da identidade e revide em A travessia do rio, (1993) de Caryl Phillips Rodrigo Anderson Machado Cavalcante Elis Regina Fernandes Alves Formação da identidade Revide A travessia do rio LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES Desde os anos 70, a teoria literária pós-colonial tem se dedicado ao estudo de obras produzidas em contextos de colonização e pós-colonização, analisando os efeitos produzidos pela chegada das metrópoles europeias às colônias. Antes da colonização, não havia a diferença, pois que os sujeitos nativos não faziam a comparação entre si e outras culturas. Com a chegada do poder imperial é que se cria a diferença, base do discurso do colonizador. É este discurso que a literatura pós-colonial reproduz em obras de ficção e que a teoria pós-colonial busca analisar, verificando os reflexos da dominação europeia nos povos colonizados. (ASHCROFT, 2001). Ao ter sua identidade formada pelo cerceamento linguístico, discursivo e ideológico do colonizador, o sujeito colonial pode aceitar a outremização e tentar negar sua própria identidade ou pode, ainda, resistir e revidar. Ao resistir, o colonizado tenta reverter o binarismo, fugir da outremização e abalar o poder colonial, descentralizando-o. A resistência pode ocorrer de forma violenta, com o revide físico às ordens estabelecidas pela metrópole, como aconteceu com os astecas, na região que hoje é o México, que foram dizimados ao ter embates corporais contra a coroa espanhola (TODOROV, 1999). Mas, há, também, a chamada resistência discursiva, em que os sujeitos coloniais tentam revidar à dominação colonial por meio do uso subversivo dos valores impostos. Tal tipo de revide, segundo Ashcroft (2001) é muito mais eficaz, na medida em que opera de forma silenciosa, sem causar alarde nas forças imperiais e, a longo prazo, é capaz de mudar a mentalidade do sujeito colonizado. Tais formas de revide se dão no campo da escrita, por exemplo, quando o sujeito colonial reescreve os cânones europeus a partir de seu ponto de vista. Há também o revide por meio da mímica e da paródia, imitações irônicas da cultura europeia, ou ainda o uso da civilidade dissimulada, que consiste no uso de elementos da cultura europeia pelo colonizado de forma subvertida. (BHABHA, 1998).O romance A travessia do rio , de Caryl Phillips, foi publicado em 1993. Este romance permite a observação da Formação da identidade dos sujeitos coloniais, cada um recebendo pressões ideológicas e discursivas diferentes. Nash torna-se cristão, um escravo obediente e fiel. Martha prefere continuar sendo escrava a perder a filha e o marido. Travis tem medo de misturar-se com os brancos. É possível, também a observação da resistência operada pelos personagens escravizados. Nash acaba por abandonar a missão religiosa iniciada na Libéria por ordem de seu senhor, Edward. Martha foge da escravidão e torna-se uma negra livre nos Estados Unidos. Travis une-se a uma mulher branca, contrariando as pressões sociais. Diante disso, importa,, neste romance, o modo como estes personagens tem sua identidade fragmentada a partir da experiência da colonização e da escravidão, bem como o meio utilizado para resistir e revidar às imposições coloniais. FAPEAM 2016-09-23T15:25:53Z 2016-09-23T15:25:53Z 2013-07-31 Relatório de Pesquisa http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/3229 pt_BR Acesso Aberto PDF Universidade Federal do Amazonas Brasil Instituto de Agricultura e Ambiente - Humaitá PROGRAMA PIBIC 2012 UFAM |
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Desde os anos 70, a teoria literária pós-colonial tem se dedicado ao estudo de obras produzidas em contextos de colonização e pós-colonização, analisando os efeitos produzidos pela chegada das metrópoles europeias às colônias. Antes da colonização, não havia a diferença, pois que os sujeitos nativos não faziam a comparação entre si e outras culturas. Com a chegada do poder imperial é que se cria a diferença, base do discurso do colonizador. É este discurso que a literatura pós-colonial reproduz em obras de ficção e que a teoria pós-colonial busca analisar, verificando os reflexos da dominação europeia nos povos colonizados. (ASHCROFT, 2001). Ao ter sua identidade formada pelo cerceamento linguístico, discursivo e ideológico do colonizador, o sujeito colonial pode aceitar a outremização e tentar negar sua própria identidade ou pode, ainda, resistir e revidar. Ao resistir, o colonizado tenta reverter o binarismo, fugir da outremização e abalar o poder colonial, descentralizando-o. A resistência pode ocorrer de forma violenta, com o revide físico às ordens estabelecidas pela metrópole, como aconteceu com os astecas, na região que hoje é o México, que foram dizimados ao ter embates corporais contra a coroa espanhola (TODOROV, 1999). Mas, há, também, a chamada resistência discursiva, em que os sujeitos coloniais tentam revidar à dominação colonial por meio do uso subversivo dos valores impostos. Tal tipo de revide, segundo Ashcroft (2001) é muito mais eficaz, na medida em que opera de forma silenciosa, sem causar alarde nas forças imperiais e, a longo prazo, é capaz de mudar a mentalidade do sujeito colonizado. Tais formas de revide se dão no campo da escrita, por exemplo, quando o sujeito colonial reescreve os cânones europeus a partir de seu ponto de vista. Há também o revide por meio da mímica e da paródia, imitações irônicas da cultura europeia, ou ainda o uso da civilidade dissimulada, que consiste no uso de elementos da cultura europeia pelo colonizado de forma subvertida. (BHABHA, 1998).O romance A travessia do rio , de Caryl Phillips, foi publicado em 1993. Este romance permite a observação da Formação da identidade dos sujeitos coloniais, cada um recebendo pressões ideológicas e discursivas diferentes. Nash torna-se cristão, um escravo obediente e fiel. Martha prefere continuar sendo escrava a perder a filha e o marido. Travis tem medo de misturar-se com os brancos. É possível, também a observação da resistência operada pelos personagens escravizados. Nash acaba por abandonar a missão religiosa iniciada na Libéria por ordem de seu senhor, Edward. Martha foge da escravidão e torna-se uma negra livre nos Estados Unidos. Travis une-se a uma mulher branca, contrariando as pressões sociais. Diante disso, importa,, neste romance, o modo como estes personagens tem sua identidade fragmentada a partir da experiência da colonização e da escravidão, bem como o meio utilizado para resistir e revidar às imposições coloniais. |
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