Este estudo assume o propósito de verificar de que maneira foi sendo construída a cidade de Manaus, dando ênfase às práticas contra hegemônicas das mulheres do movimento de moradia. No enfoque dos processos socioculturais da Amazônia esta pesquisa é tecida com os fios da interdisciplinaridade, sob uma inspiração rizomática, ancorada na temática de gênero e estabelecendo diálogo com a Antropologia Social, a História, a Geografia Humana e a Sociologia. O trabalho de campo concentrou-se numa amostra dos movimentos de moradia organizados na cidade de Manaus, território onde as mulheres estabelecem suas vivências e experiências cotidianas, sejam elas individuais ou coletivas. Nesse processo a cidade se apresenta além da concretude e vicissitudes do espaço arquitetônico e urbanístico, ela é percebida como resultado das relações que se estabelecem entre as pessoas que nela vivem e com os aspectos afetivos que fazem com que essas pessoas mantenham vínculo com o lugar. A metodologia, ancorada em uma perspectiva dialógica do conhecimento, assumiu as orientações das abordagens qualitativas, numa construção dialógica entre a empiria e as teorias. Os procedimentos técnico-operativos concentraram-se na entrevista profunda com os recursos de imagens, poemas e canções. Dentre os múltiplos resultados ficou patente o fato de que as mulheres amazônidas impuseram sua presença na cidade a partir de rotas de fuga, em uma posição visivelmente transgressora. Mostra também que elas são as grandes tecelãs da arquitetura simbólica da cidade de Manaus. Por fim, deve-se reconhecer que as mulheres, ao mesmo tempo que lutam pelo direito à moradia/cidade em seus coletivos, encontram-se em uma constante poiesis, forjando-se a si mesmas como constructos sociais.
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