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Tese
As memórias, narrativas e recriações que entretecem a rede jongueira e caxambuzeira no Sudeste do Brasil
As práticas dos jongos e caxambus por agentes sociais das comunidades localizadas nas divisas interestaduais entre o Sul do Espírito Santo, Norte e Noroeste do Rio de Janeiro e Sudeste de Minas Gerais, além de serem valorosos saberes da dimensão simbólica e espiritual de seus territórios, repr...
Autor principal: | Silva, Larissa de Albuquerque |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/0715452715375051 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2024
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10416 |
Resumo: |
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As práticas dos jongos e caxambus por agentes sociais das comunidades
localizadas nas divisas interestaduais entre o Sul do Espírito Santo, Norte e
Noroeste do Rio de Janeiro e Sudeste de Minas Gerais, além de serem valorosos
saberes da dimensão simbólica e espiritual de seus territórios, representam
mobilizações concernentes a demarcação territorial e da identidade étnica
enquanto afro-brasileiros e quilombolas para o acesso à direitos constitucionais.
Além dessas categorias de autoidentificação, também se ressalta enquanto
jongueiros ou caxambuzeiros, pelo viés do patrimônio cultural reconhecido em
2005 como “Jongo do Sudeste” pelo IPHAN. As relações sociais, sobretudo com
a referida agência de cultura de Estado, que envolvem os agentes étnicos
liderados pelos “mestres” (estes anciãos que formam e organizam o “grupo”, um
coletivo que promove os rituais de acordo com as memórias e narrativas
herdadas por essa liderança), são o objeto de estudo da presente pesquisa
doutoral. Nesse ensejo, destaco as articulações estabelecidas pelo Grupo de
Jongo Congola, de Campos dos Goytacazes (Rio de Janeiro, Brasil), sobretudo
as ações desempenhadas pela mestra Geneci Maria da Penha, a Dona Noinha.
Entre os anos de 2012 a 2016 participei de pesquisas sobre a temática em
diversas comunidades praticantes dessa modalidade expressiva no estado do
Espírito Santo. Todavia, a partir de 2017, estendi as análises para as demais
regiões do Sudeste e, em especial, para município de Campo dos Goytacazes,
momento em que pude observar a dinâmica cultural no “terreiro de Noinha”,
baseado nas ações do Grupo de Jongo Congola. Tal extensão se deu a partir
dos relatos dos lugares de memória proferidos pelos “mestres”, durante aquele
primeiro momento de imersão no mundo do jongo e caxambu nos anos de 2012
a 2016, na qual destacaram nas entrevistas as narrativas de deslocamentos de
seus antepassados (africanos e afro-brasileiros que foram escravizados nas
fazendas de café e cana de açúcar), e de lugares onde se realizavam essas
práticas no passado. Os dados etnográficos são apreendidos por meio de
entrevistas, registros audiovisuais e fotográfico, além de materiais dispostos no
acervo documental pessoal dos jongueiros. O jongo é uma recriação resultante
dos processos organizativos dos agentes sociais praticantes desse ritual, o que
lhe confere uma constante e mutável reconstrução de suas territorialidades,
estabelecida pelas narrativas de seus ancestrais, pelas festas do passado que
promoviam os rituais, as músicas (“pontos”) cantados e afinidade da procedência
em comum do continente africano. Ademais, todos esses elementos permeiam
os discursos desses agentes sociais para o aquilombamento das memórias e
dos lugares de seus respectivos municípios bem como a reafricanização de seus
territórios e de sua estética. |