Este trabalho etnográfico resulta de entrevistas, interações sociais, observações e reflexões -
registradas em cadernos de campo - junto aos moradores das seguintes comunidades
amazonenses: Lago do Limão (Rio Limão) – Iranduba/AM e Osório da Fonseca (Rio Paraconi)
– Maués/AM, entre os anos de 2017-2021. O objetivo deste trabalho consistiu em acessar, por
meio das trajetórias dos interlocutores, padrões de moralidade oriundos do contexto social em
que cresceram e a influência destes sobre o modo como constituíram suas próprias família(S).
Noções como namoro, gravidez e casamento foram acionados nas entrevistas, enquanto
estratégia metodológica, a fim de que se instigasse os interlocutores a narrarem seus discursos-
vivência acerca de tais noções. Nesse sentido, namorar e engravidar cedo é uma perspectiva
êmica que surge nas narrativas intergeracionais. Acrescento à noção de gravidez uma ligação
com a perspectiva de gênero, que emergiu a partir das falas das interlocutoras. Por fim, o
casamento apresenta-se em alguns relatos como um meio para alcançar liberdade,
reconhecimento, transmissão de herança e confere responsabilidade a quem constituiu
descendência. Constatou-se que as diversas formas pelas quais é possível fazer família(S) e
parentesco no Amazonas estão atreladas a uma teia de moralidades (ações, práticas, discursos
e valores compreendidos dentro de um grupo social) que não isolam as famílias em um núcleo
atomizado e com funções puramente econômicas, mas de relações de cuidados intergeracionais
e relações de vizinhança. Portanto, esse trabalho contribui para os estudos de Família e
Moralidade no Amazonas sob uma perspectiva relativizada, respeitando a complexidade das
vivências dos grupos sociais diversos que habitam o mundo rural amazônico.
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