Um paradoxo entre a abundância e a poluição das águas urbanas se estabelece na
cidade de Manaus. Neste contexto, a ampliação do complexo viário Rodoanel
Metropolitano de Manaus, um trecho de 8,7 km que compreende a Av. do Turismo/
Estrada do Tarumã, compromete a manutenção da qualidade da água nos igarapés1
que drenam a área, como a Cachoeira Alta do Tarumã. Mediante tal fato, indagou-se:
Como esta expansão viária ameaça a qualidade da água e o fragmento florestal da
Cachoeira Alta do Tarumã. Considerou-se como hipótese que os impactos negativos
decorrentes da ação do Estado nesta área podem ser irreparáveis, agravando o
processo de degradação ambiental e ameaçando a fauna e flora do Corredor
Ecológico Urbano, onde a cachoeira se insere. Objetivou-se, Analisar a qualidade da
água e o uso e cobertura da terra na área da Cachoeira Alta do Tarumã, em
Manaus/AM, com o intuito de compreender as interações entre esses dois aspectos e
suas influências no ecossistema local. Caracterizar a vegetação e a qualidade da água
na área circundante à Cachoeira Alta do Tarumã por meio do Protocolo de Avaliação
Rápida (PAR) (2022-2023); Avaliar a qualidade da água na Cachoeira Alta do Tarumã,
analisando variáveis como condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH, sólidos
dissolvidos totais, temperatura e turbidez (2022-2023); Conhecer as modificações no
uso e cobertura da terra na área que abrange a duplicação da Avenida do
Turismo/Estrada do Tarumã utilizando imagens Planet (2016-2023). Utilizou-se do
método Hipotético-Dedutivo e uma abordagem metodológica quali-quantitativa. As
técnicas e procedimentos incluíram revisão de literatura e legislação, estudo de campo
e experimental – realizado por seis vezes, entre junho de 2022 a maio de 2022,
(coletas e análises de amostras de água e aplicação do PAR) em três estações de
amostragem (A, B e C), incluindo a Cachoeira Alta do Tarumã (estação C), e
levantamento de banco de dados de imagens do satélite PlanetScope no período de
2016 e 2023, com elaboração de mapas de uso e cobertura da terra. Evidenciou-se
nos mapas de uso e cobertura da terra do mês de agosto, a redução da vegetação
primária, que em 2016, ocupava 44,65% da área estudada, e que em 2023 ocupa
39,45%, o aumento da área urbanizada, que em 2023 é de 30,46% e a redução da
massa de água, que pode estar relacionada com o evento histórico de menor nível de
água do Rio Negro em 2023. A análise temporal do uso e cobertura da terra na Bacia
Hidrográfica do Tarumã-Açu revelou um avanço significativo da urbanização entre
2016 e 2023, resultando na redução da vegetação primária e da cobertura por água.
A duplicação da Avenida do Turismo e as obras do Rodoanel Metropolitano de
Manaus intensificaram impactos ambientais, como erosão, sedimentação e alterações
na qualidade da água. As imagens aéreas capturadas na Cachoeira Alta do Tarumã
e os dados obtidos com as amostras de águas das estações A, B e C, evidenciaram
diferentes padrões de coloração dos corpos hídricos, associados à influência urbana,
deposição de sedimentos e possível processo de eutrofização, com trechos impactos
e alterados. Esses resultados destacam a necessidade de medidas de conservação e
manejo sustentável para minimizar os impactos antrópicos na região.
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