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Dissertação
Análise psicodinâmica do trabalho no tribunal de justiça do Amazonas: uma aplicação da clínica do trabalho e da ação.
Esta pesquisa teve o propósito de compreender a psicodinâmica do trabalho nas varas criminais do Tribunal de Justiça do Amazonas, analisando a organização do trabalho, as vivências de prazer-sofrimento, as estratégias defensivas e de mobilização subjetiva, e as formas de adoecimento, com o objeti...
Autor principal: | Garcia, Wiulla Inácia |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/9105544936464545 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2015
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2845 |
Resumo: |
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Esta pesquisa teve o propósito de compreender a psicodinâmica do trabalho nas varas
criminais do Tribunal de Justiça do Amazonas, analisando a organização do trabalho, as
vivências de prazer-sofrimento, as estratégias defensivas e de mobilização subjetiva, e as
formas de adoecimento, com o objetivo de propor intervenções que contribuam para a
promoção de saúde neste espaço de trabalho. O referencial teórico-metodológico foi a
Psicodinâmica do Trabalho, tendo sido aplicada a clínica do trabalho e da ação preconizada
por Christophe Dejours. Nesta perspectiva o espaço coletivo da fala e da escuta é aspecto
central para a coleta e interpretação dos dados. A clínica do trabalho seguiu as seguintes
etapas: pré-pesquisa; pesquisa propriamente dita que abrange os momentos da análise da
demanda, análise do material de pesquisa, observação clínica e interpretação; e a validação. O
estudo mostrou que a organização do trabalho no Judiciário amazonense tem estrutura
herdada das relações coloniais de trabalho, com divisão de trabalho marcada entre aqueles que
pensam e os que executam, e sobrecarga de atividades. A diferença entre o trabalho prescrito
e real é evidenciado pela grande quantidade de procedimentos (leis) a cumprir em detrimento
da insuficiência de recursos e do volume de processos judiciais. As relações de trabalho
apresentam traços do favoritismo, que ora beneficia os servidores, ora os prejudica. As
vivências de prazer-sofrimento são expressas, de um lado, pelo mal-estar relacionado ao
sentimento de injustiça derivado da desigual gestão do trabalho, à responsabilidade atribuída
aos trabalhadores pelo insatisfatório atendimento ao público, à sensação de impotência, e de
outro lado, pelo bem-estar decorrente do contato direto com a população, o que desperta nos
servidores a sensação de contribuição social. Como estratégia de mobilização subjetiva foi
identificada a empatia mobilizada pelos trabalhadores para compreender a situação dos réus
presos, cujos processos dependem de algum procedimento realizado em seus cartórios. As
estratégias de defesas são: a racionalização ligada à ideia de que no serviço público as
evoluções dependem de esferas e decisões superiores e que por isso as possibilidades de
transformação da organização do trabalho são mínimas; as fofocas, que tem o propósito de
aliviar o sofrimento gerado pelo enfrentamento das insatisfatórias condições de trabalho; as
ameaças aos chefes ou colegas de trabalho como um modo de se defender da culpa que lhes
são atribuídas como consequências da lentidão do Judiciário; e o isolamento. Observou-se que
a falta de cooperação entre os trabalhadores e de reconhecimento por parte da instituição
dificulta a transformação do sofrimento e se constitui como um risco de adoecimento. A
experiência da clínica do trabalho se mostrou positiva, servindo como modelo para a pesquisa
e atuação profissional em Psicodinâmica do Trabalho. |