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Dissertação
A realização fonética do /s/ pós-vocálico nos municípios de Boca do Acre, Lábrea e Tapauá
Esta pesquisa inscreve-se na perspectiva da Dialetologia Pluridimensional, proposta por Radtke & Thun (1996). Investigaram-se as variantes do /S/ pós-vocálico no falar dos habitantes de três localidades pertencentes à Microrregião do Purus, no Estado do Amazonas: Boca do Acre, Lábrea e Tapauá. Pa...
Autor principal: | Maia, Edson Galvão |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/9236293049944497 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2015
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/3957 |
Resumo: |
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Esta pesquisa inscreve-se na perspectiva da Dialetologia Pluridimensional, proposta por
Radtke & Thun (1996). Investigaram-se as variantes do /S/ pós-vocálico no falar dos
habitantes de três localidades pertencentes à Microrregião do Purus, no Estado do Amazonas:
Boca do Acre, Lábrea e Tapauá. Para realização deste trabalho foram consideradas as
variáveis gênero e faixa etária, a fim de se observar a influência desses fatores na escolha das
variantes pelo falante. Da mesma forma, realizou-se uma análise à luz das teorias fonológicas,
a saber a Teoria Gerativa Clássica de Traços Distintivos proposta em The Sound Pattern of
English (SPE), de Chomsky e Halle (1968) e a Teoria da sílaba, para a melhor compreensão
do fenômeno no próprio sistema linguístico. Nesta pesquisa, foram investigados 18
informantes residentes nas localidades em estudo, distribuídos da seguinte forma: 6
informantes em cada localidade, sendo um homem e uma mulher em cada uma das três faixas
etárias (18 a 35 anos, 36 a 55 anos e 56 anos em diante). Os informantes foram selecionados
obedecendo a critérios pré-estabelecidos: ser analfabeto, ser natural da localidade e ter pais
também naturais da localidade, além de não ter se ausentado do município por mais de um
terço de sua vida. O trabalho foi realizado seguindo orientações já consagradas pelo método
geolinguístico: a) foram realizadas as entrevistas com as respostas ao questionário fonéticofonológico
(QFF) e conversação livre de no máximo 30 minutos, gravadas de modo digital; b)
realizou-se a transcrição grafemática de todas as entrevistas, tanto dos dados coletados pelo
QFF quanto dos coletados em elocução livre, o que se constituiu em um banco de dados para
futuras pesquisas dialetológicas; c) fez-se a transcrição fonética das palavras coletadas por
meio do QFF. Esses dados resultaram em 51 cartas fonéticas e 13 cartas fonético-contextuais,
que apontam o uso da variante alveolar como mais frequente na região. No entanto, a análise
do fonema em contextos específicos revelou que as variantes são condicionadas por
determinados contextos, dos quais se citam a variante pós-alveolar, que é privilegiada
principalmente pelo contexto medial antes de oclusiva [t]; a variante aspirada, condicionada
pelo contexto anterior a lateral e nasal; e o apagamento que ocorre frequentemente em
contexto final, quando o /S/ é morfema de plural. À preponderância da variante alveolar sobre
as demais é atribuído o fator histórico, uma vez que a região fora povoada por migrantes
nordestinos dos Estado do Maranhão e Ceará, os seringueiros da borracha na época áurea do
látex. Quanto às especificidades do fonema em cada contexto, encontrou-se explicação nas
teorias fonológicas, principalmente na escala de sonoridade proposta por Jaspersen (1904,
apud HOOPER, 1976). Percebeu-se que quanto mais sonoro o segmento seguinte, mas
enfraquecido se torna o fonema em estudo, tendendo ao enfraquecimento (aspiração), quanto
menos sonoro o segmento seguinte, mais carregado o fonema em estudo, privilegiando a
variante pós-alveolar. A análise pelos fatores sociais, por sua vez, revela como variante
conservadora a pronúncia alveolar, enquanto a aspirada parece ser a mais inovadora. A análise
revela também a localidade de Tapauá como a mais conservadora e a localidade de Lábrea
como a mais inovadora. |