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Dissertação
Filogeografia e genética de populações de inia geoffrensis (cetartiodactyla: iniidae) nos rios Negro e Branco e evidência de linhagem evolutiva independente na Bacia do Orinoco
Os golfinhos de água doce do gênero Inia pertencem a família Iniidae e possuem três espécies descritas para diferentes regiões hidrográficas: Inia boliviensis (sub-bacia Boliviana); I. araguaiaensis (bacia Tocantins/Araguaia); e I. geoffrensis (bacias Amazônica e do Orinoco). Esta última é repres...
Autor principal: | Farias, Joiciane Gonçalves |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/0185913503442904 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2016
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4971 |
Resumo: |
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Os golfinhos de água doce do gênero Inia pertencem a família Iniidae e possuem três
espécies descritas para diferentes regiões hidrográficas: Inia boliviensis (sub-bacia
Boliviana); I. araguaiaensis (bacia Tocantins/Araguaia); e I. geoffrensis (bacias Amazônica
e do Orinoco). Esta última é representada por duas subespécies, cuja taxonomia é
controversa: Inia geoffrensis geoffrensis (bacia Amazônia) e I. g. humboldtiana (bacia do
Orinoco). As adaptações adquiridas pelas espécies deste gênero permitiram-lhes explorar
ambientes de áreas alagáveis, comuns em várias regiões da Amazônia Central e nos
Llanos da bacia do Orinoco. Essas duas bacias são conectadas atualmente pelo Canal
Casiquiare, que liga o alto Rio Negro ao alto Rio Orinoco, e tem atuado tanto como
corredor, quanto como barreira à fauna aquática compartilhada por ambas bacias. Este
estudo teve como objetivos: I) testar se Inia geoffrensis humboldtiana representa uma
unidade evolutiva independente das demais espécies e subespécie de Inia; II) entender
os padrões geográficos da estrutura populacional de Inia geoffrensis na bacia do rio
Negro e sub-bacia do rio Branco. Para atender ao objetivo I) foram realizadas análises
Bayeisianas e de Máxima Parsimônia com sequências da região controle para 108
indivíduos, do citocromo b para 122 e de 10 loci microssatélites para 129, provenientes
das regiões tipo das espécies de Inia. Os resultados mostraram quatro linhagens,
correspondendo às espécies e subespécies de Inia. Uma quinta linhagem,
correspondendo aos indivíduos do alto/médio Orinoco, foi observada somente para os
dados do mtDNA. As duas linhagens da bacia do Orinoco apresentam distintos tempos de
divergência. O clado com a linhagem do alto/médio Orinoco e sua espécie irmã, Inia da
Amazônia Central, divergiu há 354 mil anos. A linhagem do médio/baixo Orinoco divergiu
deste clado a 1.66 milhões de anos. Nossas evidências sugerem que Inia do médio/baixo
Orinoco é uma espécie distinta das demais, e a designamos Inia humboldtiana stat nov.
(Pilleri e Gihr, 1977). Igualmente, os dados obtidos ainda são insuficientes para avaliar o
real status taxonômico da segunda linhagem de Inia da bacia do Orinoco (alto/médio
Orinoco). Para atender ao objetivo II) foram realizadas análises Bayeisianas e de Máxima
Verossimilhança com sequências da região controle para 131 indivíduos, do citocromo b
para 127 e de 10 loci microssatélites para 143, provenientes dos rios Negro, Branco,
Solimões, baixo Rio Madeira e da bacia do Orinoco. Para os indivíduos da bacia do
Orinoco observamos um resultado semelhante ao cumprir o objetivo I. Para os indivíduos
das demais localidades, diferentes padrões de diferenciação genética foram observados
conforme marcador utilizado, sendo um baixo grau de subdivisão populacional (FST =
0.04762, P<0.001) e altos índices de fluxo gênico para o nuDNA; e o oposto (ФST =
0.75490, P<0.001) para o mtDNA. Foram determinadas subpopulações, cujos níveis de
diversidade foram relativamente altos. Essas diferenciações genéticas em nível de
subpopulação parecem corresponder a história evolutiva das áreas, apesar de ter sido
constatada filopatria por fêmeas. Tanto para estas quanto para os machos, as corredeiras
de São Gabriel da Cachoeira (Rio Negro) e do Bem Querer (Rio Branco) não podem ser
consideradas como barreira física/geográfica. Sendo assim, a construção das hidrelétricas
projetadas para essas áreas, proporcionarão, sem dúvida, fragmentação demografica e
genética nas subpopulações de botos observadas. |