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Tese
Organização político-cultural e interculturalidade na gestão dos territórios indígenas para o Bem viver no Rio Negro-AM
A presente tese analisa a mobilização/organização político-cultural das lideranças indígenas do rio Negro, membros das associações filiadas à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), entidade representativa dos povos indígenas dessa região, em torno da elaboração de propostas vi...
Autor principal: | Cruz, Jocilene Gomes da |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/0406382937787743 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2016
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5388 |
Resumo: |
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A presente tese analisa a mobilização/organização político-cultural das lideranças
indígenas do rio Negro, membros das associações filiadas à Federação das
Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), entidade representativa dos povos
indígenas dessa região, em torno da elaboração de propostas visando à
gestão/cuidado e a sustentabilidade/bem viver dos territórios indígenas. Os dados
foram coletados com o uso de multimétodos, na perspectiva da pesquisa qualitativa,
com a realização de entrevistas semiestruturadas feitas com os membros das
associações vinculadas à FOIRN; por meio de entrevistas narrativas com as
lideranças que participaram da criação do movimento indígena no rio Negro e da
Federação; pela pesquisa documental e pela observação em eventos como as
assembleias indígenas. A análise dos dados deu-se a partir da codificação e
categorização das informações, procedendo-se a análise descritiva, teórica e
interpretativa de conteúdo. Os resultados da pesquisa apontam que as propostas
elaboradas pelas lideranças indígenas colocam como premissa a interculturalidade,
por essência, diálogos entre saberes, demandando múltiplos percursos e parcerias
entre agentes sociais e instituições que atravessam as fronteiras nacionais. A
aliança de saberes reafirma a identidade étnica e promove a ressignificação do que
está presente na região e que, a despeito de não ser indígena, em virtude da
história de contado e de dominação, passa a fazer parte da vida dos povos
indígenas, a exemplo, as demandas por escolarização formal, a bens tecnológicos e
de informação, a alternativas de renda e outros que coexistem com as práticas
indígenas tradicionais e não podem ser vistos como “diluidores” de suas culturas. A
singularidade da proposta de gestão dos territórios, estruturada pelas lideranças que
atuam nas associações indígenas e na FOIRN, consiste em ter viabilidade ao longo
dos anos, estabelecendo o diálogo entre epistemologias distintas (e mesmo
conflitantes), consolidando projetos que intercambiaram e traduziram saberes,
cosmovisões e atitudes frente às questões sociais, econômicas, ambientais, políticas
e outras no rio Negro. Os projetos de valorização da cultura indígena, proteção dos
territórios, fortalecimento das organizações indígenas e de alternativas sustentáveis
de renda são parte constituinte da proposta indígena de gestão dos territórios,
delineadas desde a oficialização da demarcação das cinco terras localizadas no alto
e médio rio Negro, em 1998, data que marca a mobilização/organização dessas
lideranças, pautados nos pressupostos da autonomia e do protagonismo como
condição necessária à consolidação de uma gestão indígena mobilizada por saberes
indígenas, num processo que não exclui o diálogo com outros saberes advindos das
relações interétnicas no passado e no presente, pois são essas perspectivas que
projetam o futuro dos povos indígenas do rio Negro. |