/img alt="Imagem da capa" class="recordcover" src="""/>
Dissertação
Entre rios e a cidade: os flutuantes de Tapauá no Amazonas
Este trabalho busca compreender a produção do espaço urbano, entre os anos de 1991 a 2015 numa uma pequena cidade na Amazônia Brasileira, chamada Tapauá, localizada na calha do Purus ao Sul do Estado do Amazonas, a partir da especificidade de um bairro sobre as águas, um aglomerado de 332 casas f...
Autor principal: | Frota, Arlan Justino |
---|---|
Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/2789002317450961 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2017
|
Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5880 |
Resumo: |
---|
Este trabalho busca compreender a produção do espaço urbano, entre os anos de 1991 a 2015
numa uma pequena cidade na Amazônia Brasileira, chamada Tapauá, localizada na calha do
Purus ao Sul do Estado do Amazonas, a partir da especificidade de um bairro sobre as águas,
um aglomerado de 332 casas flutuantes que servem como moradias e em casos esporádicos
serviços. O flutuante é o sinônimo de resistência encontrada por parte da população para o
direito a cidade, fruto da expressão cultural, representado não só pela moradia, mas pelo o
cotidiano do campo que é “transportado” para a cidade, dotado de práticas que são urbanas
enquanto lugar da ação, mas que são rurais enquanto práticas de trabalho desenvolvidas no rio
e na floresta. O bairro se dispersa na frente da cidade, no rio Purus, e contém formas que se
estruturam em tempos pretéritos com resíduos da cultura indígena que são marcadamente
encontrados na produção do espaço e nas formas de moradia. As casas flutuantes dão sentido
à produção do espaço sobre as águas que se integram à cidade pelas relações sociais que são
estabelecidas na interface rural/urbano. A partir da revisão da literatura sobre as populações
pretéritas, a “ocupação” e a criação de cidades no vale do Purus, foi realizada pesquisa de
campo em duas etapas: fevereiro, agosto e setembro de 2016, com aplicação 84 formulários
nas residências flutuantes, para mensurar as condições de moradia nos flutuantes, as relações
sociais de produção desde a construção da moradia, aos meios de vivência relacionados a
pesca, a agricultura e ao extrativismo. A partir da pesquisa quantitativa e qualitativa pode-se
inferir que o crescimento do espaço urbano perpassa os moldes convencionais de outras
cidades em decorrência das especificidades do lugar: uma cidade cercada por rios e floresta, o
que faz a população se relacionar com a natureza e ensejar práticas espaciais distintas que
interferem no modo de como a cidade é produzida, e que se expressa nas formas de morar e
de trabalhar. A pesquisa mostrou também, que a população residente no bairro é, a grande
maioria, oriunda de comunidades ribeirinhas, e devido a impossibilidade de permanecer no
campo vem para a cidade em busca dos serviços básicos, como saúde, educação e acesso aos
programas sociais. Ao chegar a cidade, não tem acesso a terra urbana e como o rio não foi
alcançado pelo estatuto da propriedade privada, morar sobre as águas aparece como
alternativa viável de moradia. Este novo espaço de vivência não muda substancialmente o
modo de vida na cidade, mas fortalece e resignifica as experiências que se dão no contanto
com a cidade. |