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Tese
Produção de Soro Hiperimune para Potamotrygon motoro Müller & Henle, 1841 (Chondrichthyes – Potamotrygoninae): verificação da reação-cruzada frente às peçonhas de outras espécies de arraias e da neutralização das atividades edematogênica e miotóxica
Arraias pertencentes à subfamília Potamotrygoninae são peixes cartilaginosos que ocorrem nas bacias hidrográficas da América do Sul. Esses animais são providos de ferrões na base da cauda, próprios para a sua defesa. O ferrão é coberto por uma bainha tegumentar contendo glândulas mucosas e de ven...
Autor principal: | Lameiras, Juliana Luiza Varjão |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/9648330708641999 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2018
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6683 |
Resumo: |
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Arraias pertencentes à subfamília Potamotrygoninae são peixes cartilaginosos que ocorrem
nas bacias hidrográficas da América do Sul. Esses animais são providos de ferrões na base da
cauda, próprios para a sua defesa. O ferrão é coberto por uma bainha tegumentar contendo
glândulas mucosas e de veneno. As vítimas costumam sofrer envenenamentos por arraias
geralmente quando pisam no dorso do animal, escondido sob a areia, na beira da praia. Por
consequência, a arraia movimenta a cauda abruptamente e introduz o ferrão no indivíduo,
causando uma laceração extremamente dolorida, que geralmente leva à necrose do tecido. Os
acidentes costumam ocorrer em lugares distantes, isolados, geralmente sem atendimento
médico adequado e, portanto, quase sempre não são notificados. Não há uma terapia definida
e eficaz para os envenenamentos por arraias e os profissionais de saúde geralmente não
recebem treinamento adequado para cuidar deste tipo de acidente. O tratamento é baseado no
uso de analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, pois ainda não existe antídoto específico.
Embora os procedimentos médicos sejam capazes de controlar o quadro clínico dos pacientes,
a neutralização das toxinas seria a conduta ideal para impedir a indução dos sinais e sintomas
apresentados nos envenenamentos por arraias de água doce. No intuito de obter um
imunobiológico capaz de neutralizar as principais atividades apresentadas pelas vítimas, o
presente estudo teve por objetivo analisar a neutralização, por soros hiperimunes, das
atividades edematogênica e miotóxica induzidas pela peçonha da arraia Potamotrygon
motoro. Os soros foram obtidos em camundongos Balb/c por meio de imunização
intradérmica usando-se ou o extrato do dorso ou do ferrão de P. motoro adsorvidos em
adjuvante hidróxido de alumínio. Por análise de Dot-ELISA e Western Blot, foi possível
verificar que o extrato do dorso foi tão imunogênico quanto o extrato do ferrão, induzindo a
altos títulos de anticorpos, que reagiram com antígenos homólogos (da mesma espécie) e
heterólogos (extrato do dorso ou do ferrão das espécies Paratrygon aiereba, Plesiotrygon
iwamae, Potamotrygon orbignyi e Potamotrygon schroederi, todas de água doce), indicando
que ambos os tipos de extrato poderiam ser usados na produção de antiveneno para tratar
vítimas de envenenamento por arraias de água doce. A partir daí, foi verificado o poder dos
soros hiperimunes em neutralizar, in vivo, as atividades edematogênica e miotóxica induzidas
pelo extrato do ferrão de P. motoro por meio de dois protocolos: soroneutralização e
vacinação. O primeiro consistiu em injetar a peçonha no músculo gastrocnêmio de
camundongos Balb/c, e, em seguida, ministrar ou o soro antidorso ou o soro antiferrão via
plexo venoso oftálmico. Já, o segundo consistiu em imunizar os camundongos com o extrato
do dorso ou do ferrão adsorvidos em hidróxido de alumínio e desafiá-los com a peçonha do
ferrão via intramuscular. Os gastrocnêmios foram removidos para análise histopatológica e
esterológica e o sangue, coletado via plexo venoso oftálmico para dosagem de citocinas, PCR
e CK. Os soros antidorso e antiferrão não neutralizaram a atividade edematogênica, mas os
protocolos de soroneutralização e vacinação neutralizaram parcialmente o dano tecidual
induzido pela peçonha do ferrão. A rabdomiólise sistêmica só foi neutralizada 100% nos
animais vacinados com o extrato do ferrão. A análise das citocinas indicou que o protocolo de
soroneutralização induziu a liberação de citocinas dos perfis Th1, Th2, Th17 e Treg, enquanto
o protocolo de vacinação induziu à uma resposta Th1. Os resultados indicam que o extrato do
dorso pode ser usado como alternativa ao extrato do ferrão (ou em conjunto) na produção de
imunobiológicos nos tratamentos por envenenamentos de arraias de água doce. |