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Tese
Caracterização química e avaliação dos potenciais antimicrobiano, inseticida e citotóxico de óleos essenciais obtidos de Myrcia spp. (myrtaceae) ocorrentes em ecossistema de terra firme (Amazônia)
A família Myrtaceae apresenta 132 gêneros distribuídas em 5.760 espécies presentes na Austrália, sudeste da Ásia, América tropical e temperada. No Brasil, apresenta-se com 1018 espécies em 23 gêneros. Myrcia D.C é um dos maiores gêneros com 282 espécies presentes em quase todo território, sendo 2...
Autor principal: | Pereira Júnior, Raimundo Carlos |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/6267320519434239 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2018
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6718 |
Resumo: |
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A família Myrtaceae apresenta 132 gêneros distribuídas em 5.760 espécies presentes
na Austrália, sudeste da Ásia, América tropical e temperada. No Brasil, apresenta-se
com 1018 espécies em 23 gêneros. Myrcia D.C é um dos maiores gêneros com 282
espécies presentes em quase todo território, sendo 220 endêmicas. Suas espécies
são empregada na medicina popular brasileira, com destaque para Myrcia spp., as
quais são usadas pela população tradicional da Amazônia como adstringentes,
diuréticos, hipoglicemicas, anti-hemorrágicas, antioxidantes e no tratamento de
hipertensão e úlceras. O presente estudo avalia a composição química dos óleos
essenciais de 13 espécies de Myrtaceae (Myrcia spp., Marlierea sp. e Myrciaria sp.)
de ecossistema de Terra Firme (Amazônia). Além disso são descritos os potenciais
citotóxico, antibacteriano, bacteriostático, antifúngico e larvicida desses óleos. Vinte
sete amostras pertencentes a essas treze espécies (18 indivíduos de 11 espécies de
Mycia, um indivíduo de Marlierea caudata e outro de Calyptranthes spruceana) foram
coletados na Reserva Florestal Adolpho Ducke, na EMBRAPA (Manaus) e no sítio
PANC (Manaus). Seus óleos essências foram obtidos por hidrodestilação, secos e
armazenado sob refrigeração. A caracterização química ocorreu por meio de análises
por CG-DIC e CG-EM, cujos Índices Aritiméticos calculados e de Similaridade
Espectral foram comparados com os descritos nas principais bases de dados. A média
de caracterização química desses óleos foi de 95%, totalizando 336 substâncias
identificadas, das quais 34 são abundantes (50,7 a 96,17%). Os componentes mais
frequentes, e em alguns casos majoritários, são: (E)–cariofileno, δ–cadineno,
Espatulenol, α–copaeno, β–elemeno, α–humuleno, Óxido de cariofileno, β–selineno,
α–muuroleno e α–cadinol, prevalecendo estruturas sesquiterpênicas (42,73% de
sesquiterpenos não-oxigenados e 36,98% de sesquiterpenos oxigenados). Essa
variabilidade química é comum a espécies de Myrcia de outros ecossistemas/biomas
brasileiros. Dos sete pares de indivíduos de Myrcia coletados em períodos distintos
(seco e chuvoso), identificou-se 242 substâncias, sendo 125 comuns, com 41
exclusivas do período chuvoso e 76 são exclusivos do períoso seco. Os óleos
essenciais do período seco apresentaram uma maior variabilidade química. Além
disso, a variabilidade química dos óleos essenciais de Myrcia spp. desse ecossistema
pôde ser descrita por 51 vias de ciclização. Dessas vias, treze apresentam elevada
frequência (superior a 50%), sendo quatro vias de destaque pela maior ocorrência
(Cariofilano, Cadinano, Aromadendrano e Eudesmano). Os resultados químicos desse
estudo revelam uma clara concordância de Marlierea caudata com a química de Myrcia
spp., porém o mesmo não se evidencia claramente para C. spruceana. Ressalta-se
que a composição química dos óleos essenias de M. magnoliifolia, M. minutiflora, M.
fenestrata, M. amapensis e Marlierea caudata são descritos pela primeira vez. Quanto
à toxicidade frente a células cancerígenas (Skmel 3 e ACPO2) e normais (MRC5), M.
minutiflora apresenta atividade moderada para melanoma humano (Skmel 3) e
adenocarcinoma gástrico (ACPO2), bem como citotóxica para fibroblastos nãoneoplásicos
(MRC5). M. amazonica e M. fenestrata também apresentam atividade
moderada para Skmel 3. Quanto ao potencial antimicrobiano e bacteriostático, M.
citrifolia, M. minutiflora, M. paivae e M. magnoliifolia apresentam atividade moderada
a elevada frente a Staphylococcus aureus. M. fallax, M. sylvatica, M. paivae e C.
spruceana apresentam atividade moderada frente a Staphylococcus aureus. Quanto a
ação bacteriostática, todas as espécies ensaiadas apresentam atividade moderada a
elevada frente a Pseudomonas aeroginosas. Em relação a atividade inseticida, M.
citrifolia, M. bracteata, M. fenestrata, M. amazonica, M. paivae e C. spruceana são
ativas, pois após 24 h o percentual de mortalidade das larvas de Aedes aegypti é de
100% em 25 mg.L-1 de óleo essencial. A aplicação de ferramentas quimiométricas
nesse estudo possibilitou observar a segregação das amostras por grupos terpênicos
majoritários e suas vias de ciclização mais influentes, cujas substâncias de maior relevância nesse modelo são: (E)-cariofileno, δ–cadineno e Espatulenol. Suas
atividades farmacológicas descritas na literatura sugerem serem os responsáveis
pelos resultados biológicos observados nesse trabalho. Contudo, novos ensaios
biológicos com tais constituintes isolados talvez sejam necessários. Portanto, a
respeito da química dos constituintes voláteis de Myrcia ocorrentes em Terra Firme
(Amazônia), o presente estudo evidência quimiotipos amazônicos bem característicos
e sem similaridade com outras espécies coletadas fora da região, o que nos leva a
concluir o quanto ainda há a ser estudado a partir da preciosa biodiversidade
amazônica. |