Lesões cariosas, quando não tratadas, geram complicações clínicas mais
significativas do que a própria doença, causando prejuízo ao bem-estar e a saúde geral.
Assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar o papel preditor da sequela de cárie não
tratada e fatores associados na autopercepção em saúde bucal de crianças aos 12 anos de
idade, utilizando o modelo teórico de Wilson e Cleary, adaptado. Esse estudo
longitudinal envolveu 406 crianças de 12 anos de idade de escolas públicas da zona
leste da cidade de Manaus-AM, no período de outubro a dezembro de 2016, com análise
de seguimento de abril a junho de 2017. Os dados sociodemográficos (nível de
escolaridade e renda familiar) foram obtidos através de um questionário direcionado aos
responsáveis. As crianças, após escovação supervisionada, foram examinadas para a
observação/diagnóstico do número de dentes cariados, perdidos ou obturados (CPO-D),
e do número de dentes com envolvimento pulpar, ulceração, fístula ou abscesso
(PUFA/pufa). Medidas subjetivas como: senso de coerência, apoio social, crenças em
saúde bucal, autoestima, qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) e
autopercepção em saúde bucal foram obtidas por questionário auto aplicado. Análise de
equações estruturais foi utilizada para avaliar as relações diretas e indiretas entre as
variáveis e confirmou a adequação do modelo teórico de Wilson e Cleary adaptado. A
maior parte da amostra foi do sexo feminino (56,4%), apresentando renda familiar
mensal entre R$ 441,00 e R$ 880,00 (39,4%), com 71,8% dos pais/responsáveis
apresentando de 8 a 11 anos de estudo. As crianças apresentaram um CPO-D médio de
1,51 e um escore PUFA/pufa médio de 0,29, com prevalência de 17,8%. A sequela da
cárie não tratada apresentou efeito direto na percepção de saúde bucal. A QVRSB foi
preditora para a percepção em saúde bucal. O apoio social foi preditor para fatores
psicossociais que por sua vez, foram preditores para QVRSB. Anos de estudo do
responsável teve efeito direto para renda familiar para sequela da cárie não tratada. Os
resultados encontrados sugerem que a autopercepção em saúde bucal de crianças é
influenciada tanto pela sequela da cárie não tratada como por meio de medidas
subjetivas e indicadores socioeconômicos.
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