Este estudo identificou os indicadores que conferem risco e vulnerabilidade à diarreia aguda em Manaus, considerando a sua heterogeneidade quanto às condições socioambientais e socioculturais da população manauara. De modo geral, os resultados mostram que a diarreia se caracteriza com pouca variabilidade anual e picos de internações entre os meses de janeiro e abril. Para fins estatísticos, os resultados da Correlação de Pearson indicaram que a variável umidade, temperatura mínima e média são as que apresentaram melhores correlações, ainda que fracas (r = <0,3 ou -0,3). Apenas a temperatura mínima e umidade foram significativas (p.= 0,001 e 0,000). Quanto ao poder de explicação, a umidade teve maior valor e significância (R2 =7,7%; p=0,000), seguidas da cota média (R2 = 0,047 = 4,7%) e alagação (R2 = 0,013 = 1,3%), embora, ambas sem significância estatística (p.= 0,130 e 0,296, respectivamente). Foi possível constatar que as zonas norte e leste de Manaus foram as que apresentaram a maior porcentagem de domicílios com ausência de alfabetização, camadas mais pobres, domicílios sem acesso a rede de esgoto ou fossa séptica e domicílios com depósito de lixo enterrado na propriedade. No mapeamento das fontes alternativas de abastecimento de água, verificou-se que, devido ao fornecimento irregular do serviço de abastecimento de água por rede geral da cidade, a população manauara opta em utilizar outras fontes abastecimento de água. O mapeamento das ocupações irregulares predominou tanto nas zonas norte, leste bem como, a oeste, sul e centro-sul da cidade. Sobre os eventos de alagações nos anos de 2007 e 2008, estes predominaram nas zonas norte, leste e alguns bairros da zona sul. Em 2009 e 2013 ocorreu uma diminuição considerável desses eventos. Nos demais anos, 2010 a 2017, novamente os eventos de alagação predominaram nas zonas norte, leste e alguns bairros da zona oeste. A maior incidência de diarreia aguda ocorreu na faixa etária acima dos dez anos de idade. Quanto à incidência espacial da diarreia aguda, notou-se que a zona sul foi a menos crítica. Foi possível abordar os fatores culturais que resultam em diferentes percepções de saúde e práticas de tratamento da diarreia aguda utilizadas pela população manauara. No último capítulo da dissertação, sobre os mapas sínteses: IVS e risco socioambiental. As análises realizadas nos capítulos anteriores permitiram a utilização de diversos indicadores associados às perspectivas de risco e vulnerabilidade neste estudo, permitiu integrar diferentes e irredutíveis dimensões e contextos da realidade manauara. No mapa de IVS à diarreia aguda em Manaus, foi identificado áreas com vulnerabilidade baixa e média a baixa estão situadas no sentido centro-oeste e nos limites territoriais das zonas oeste e sul da cidade. As áreas de média a alta vulnerabilidade, são específicas e situadas na parte central da cidade, o que permitiu concluir que a vulnerabilidade socioambiental à diarreia aguda em Manaus é muito mais nítida e assinalada por graus de alta e muito alta vulnerabilidade. Assim, no mapa síntese de Risco Socioambiental, as áreas com alto risco continuaram predominando nas zonas de expansão territorial na cidade: norte e leste. O médio risco concentrou-se na parte central e bairros limítrofes da zona oeste sentido norte e sul da cidade; e o baixo risco predominou em poucos bairros. Pode-se dizer que o território da cidade se expande paralelamente ao risco da doença, visto que as zonas norte e leste já evidenciam esta realidade.
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