No Brasil, o câncer é considerado um caso de saúde pública dada sua prevalência. O adoecimento em decorrência do câncer, provoca inúmeras modificações no cotidiano da pessoa. Sendo o câncer de pênis uma neoplasia rara, cujo tratamento causa efeitos devastadores na saúde física e mental do paciente, o objetivo deste estudo foi compreender a concepção de masculinidade de homens após a comunicação do diagnóstico de câncer de pênis sob o viés da Fenomenologia de Heidegger. Para isto, o viés da pesquisa foi qualitativo, utilizando os parâmetros do método fenomenológico de pesquisa em Psicologia e o instrumento de pesquisa foi a entrevista fenomenológica áudio gravada, realizada a partir de uma questão norteadora, subsidiada pelo Diário de Campo. Para a análise das entrevistas foram utilizados os quatro passos do método fenomenológico-psicológico proposto por Giorgi. Foram colaboradores desta pesquisa 2 homens com diagnóstico de câncer de pênis, acompanhados por uma instituição de saúde especializada, tendo um deles já tendo realizado a remoção de parte da estrutura peniana e o outro em acompanhamento para a realização da cirurgia. Foram identificadas 5 (cinco) categorias temáticas com subcategorias: 1) Sobre as vivências: antes e depois do diagnóstico e suas subcategorias: 1.1) Modificações anteriores ao diagnóstico; 1.2) A comunicação do diagnóstico: as emoções exacerbam; 2) “Você está com câncer no pênis”: masculinidade revisitada e suas subcategorias: 2.1) A vivência inicial do veredicto: deixei de ser-homem; 2.2) Redimensionando o ser-si-mesmo com diagnóstico de câncer de pênis; 3) E o ec-sistir sofre mudanças após a cirurgia: perspectivas possibilidades e contradições; 4) Constituintes do enfrentamento e suas subcategorias: 4.1) Configuração familiar: a expressividade do bem-querer, do estar-junto; 4.2) Na religiosidade, o amparo para a compreensão do vivido; 5) Difícil, complicada: a visada sobre as relações na instituição de saúde. Conclui-se que um desafio é lançado à esses homens no que diz respeito à sua inserção no mundo do câncer; que inicialmente a dimensão é de que sua masculinidade, o ser-homem está totalmente relacionado ao pênis; que após algum tempo percebem que não deixaram de ser homens por ter sido realizada a remoção da estrutura peniana ou a possibilidade de ser submetido à cirurgia; que existem possibilidades de seguir suas vidas; que o apoio familiar e a religiosidade são mecanismos de enfrentamento; que a relação com profissionais de saúde é deficitária, cabendo assim, que estratégias sejam pensadas a partir destas premissas.
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