O Rio Negro é um rio com vasta extensão, banhando seis municípios do Estado do
Amazonas, dentre eles Novo Airão e Manaus, distantes 127 km por via fluvial. O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou em 2019 para Novo Airão
população de 19.454 habitantes, aonde 15,4% tem esgoto sanitário adequado. Em
Manaus a estimativa foi de 2.182.763 habitantes e 62,4% tem acesso a coleta de
esgoto. Portanto, esses cenários podem caracterizar níveis de influência antrópica
diferenciados sobre a qualidade da água dos corpos hídricos presentes no entorno
desses municípios. O presente estudo tem o objetivo avaliar indicadores de qualidade
da água sob diferentes níveis de influência antrópica entre as cidades mencionadas.
Foi realizado em novembro de 2019, estudando o cenário de período de águas baixas,
abrangendo um total de 32 pontos de amostragem de água e sólidos em suspensão.
Como área controle, foram amostrados 12 pontos no Parque Nacional de Anavilhanas
(PNA), considerado com baixa influência antrópica em razão de seu caráter de
Unidade de Conservação (UC), 12 pontos na orla de Novo Airão (NA) e 8 pontos na
orla de Manaus (MAO). Os parâmetros utilizados neste estudo foram: temperatura,
potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica (CE), potencial de oxirredução
(ORP), oxigênio dissolvido (OD), Sólidos Totais Suspensos (STS), Turbidez (NTU), e
a determinação de metais potencialmente tóxicos como Cromo (Cr), Cobre (Cu), Ferro
(Fe), Manganês (Mn), Níquel (Ni), Chumbo (Pb), Vanádio (V) e Zinco (Zn) dissolvidos
em águas superficiais e associados nos sólidos em suspensão (SS), cujas análises
foram realizadas por Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Acoplado
Indutivamente (ICP-OES). Esses indicadores de qualidade da água foram avaliados
segundo os Valores Máximo Permitidos (VMP) previstos na resolução CONAMA 357,
de 2005 e legislação NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) para
sedimentos e comparados com estudos voltados para a região do rio Negro durante
a seca, especificamente. A avaliação das médias e respectivos desvios padrão
obtidos em cada parâmetro mostraram que o pH, ORP, CE foram indicadores que
sugeriram uma variabilidade entre as áreas. PNA apresentou medições dos
parâmetros físico-químicos esperadas, considerando-se suas características locais de
ambiente sem significativa influência antrópica e considerado natural. Em NA, as
medições dos parâmetros físicos e químicos se assemelharam a região controle, ao
contrário de MAO, que teve valores elevados para alguns parâmetros e pontos, com
grande destaque para a foz do igarapé do Quarenta que exibiu pH e CE elevados
(6,69 e 409,57 µS/cm, respectivamente), indicando alto teor de espécies iônicas
dissolvidas. Quanto aos metais dissolvidos apresentaram-se com valores abaixo dos
VMP, porém indicaram comportamento evidente de diferenças entre as regiões
estudadas. Na água, o Zn exibiu uma tendência crescente: PNA < NA < MAO. Nos
SS, Cu e Ni apresentaram uma tendência crescente entre as regiões: PNA < NA <
MAO. Pb em SS exibiu concentrações elevadas em NA, o que é preocupante. Os
testes de Shapiro-Wilk, Kruskal-Wallis e Dunn’s post hoc e a Análise de Componente
Principal (ACP) mostraram que os dados se distribuíam de modo não normal, exibindo
diferenças significativas, demonstrando os níveis de influência antrópica entre as
regiões investigadas durante o período da seca de 2019. Ambientes amazônicos sob
diferentes cenários de influência antrópica precisam ser estudados, servindo de
subsídio para futuros diagnósticos ambientais.
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