Dissertação

A tecnossocialidade no quotidiano da promoção da saúde com as famílias de crianças e adolescentes em sofrimento mental

As tecnologias atualmente estão presentes em todos os espaços do viver, sendo utilizadas para diferentes formas de relações e comunicação na pós-modernidade. Essa socialidade mediada pelas tecnologias Mafessoli chama de tecnossocialidade. E essas novas maneiras de compartilhar, usufruir e fazer part...

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Autor principal: Coêlho, Prisca Dara Lunieres Pêgas
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/8353680736411308, https://orcid.org/0000-0003-3983-3897
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas - Universidade do Estado do Pará 2021
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8445
Resumo:
As tecnologias atualmente estão presentes em todos os espaços do viver, sendo utilizadas para diferentes formas de relações e comunicação na pós-modernidade. Essa socialidade mediada pelas tecnologias Mafessoli chama de tecnossocialidade. E essas novas maneiras de compartilhar, usufruir e fazer parte da sociedade passou a moldar o quotidiano das pessoas e famílias. Todavia, como em qualquer contexto, a tecnologia pode impactar positiva ou negativamente as relações do quotidiano, assim como as relações familiares. A família, ao se relacionar, interage, possui uma cultura, um estilo de vida, modos diferentes de cuidar e ser saudável, levando-nos a reforçar a necessidade de conhecê-la para compartilhar alianças e corresponsabilidade na Promoção da Saúde ou na capacidade de enfrentar as perdas inerentes ao processo de viver. Tendo em vista a relevância da temática citada e diante da atual realidade social pós-moderna, a presente pesquisa norteou-se pelo seguinte questionamento: como a tecnossocialidade relaciona-se com a promoção da saúde no processo de ser saudável e adoecer e como se mostra no quotidiano das famílias de crianças e adolescentes em sofrimento mental? Assim, a pesquisa se propôs a compreender a tecnossocialidade no quotidiano das famílias de crianças e adolescentes em sofrimento mental e a sua relação com a promoção da saúde e do adoecimento. Para Maffesoli, referencial que fundamenta esta pesquisa, o objeto de análise privilegia tudo aquilo que não é produzido pelo cálculo, pela intenção, pela estratégia, enfim, pela racionalidade tradicional, adotando uma sociologia do aqui e agora, ou seja, defendendo como a simplicidade do original, a vida de todos os dias, que inclui os diversos modos de vida, as maneiras de ser, de pensar, de se situar e de se comportar em relação ao outro e à natureza, dá o caráter experimental à vida quotidiana, na qual o ato de interpretar e de compreender o conhecimento comum se torna mais relevante do que explicar os fatos. Este estudo optou por uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo Estudo de Caso Único Holístico, fundamentado nos Pressupostos Teóricos e da Sensibilidade da Sociologia Compreensiva e do Quotidiano de Michel Maffesoli. Os participantes envolvidos nesta pesquisa foram 33 famílias usuárias do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), localizado na zona leste de Manaus, capital do Amazonas. Para a construção dos dados, realizaram-se entrevistas semiestruturadas e registros em Diários de Campo durante o período de setembro de 2020, os quais foram posteriormente submetidos à Análise de Conteúdo segundo a modalidade temática de Laurence Bardin, com as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A pesquisa atendeu aos cuidados éticos e bioéticos de pesquisas envolvendo seres humanos, de acordo com a Resolução 466 de 2012, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o Parecer de número 2.765.976. Os resultados emergiram em três artigos, sendo que, no primeiro, foram apresentadas as seguintes categorias: Mestres dominantes: a tecnização do mundo e o tempo sem volta; Limites pelo uso compulsivo das tecnologias; Emoções e comportamentos das famílias pelo uso das tecnologias; Tecnologia como lazer, distração e controle da criança e do adolescente; De Mestres, torna-se serviço tecnológico: a potência imaginal como promotora de saúde. No segundo artigo, as categorias foram: A potência do imaginário para a construção do ser saudável; O uso das redes sociais como fomentadoras da relação imagem–imaginário; O uso de novas tecnologias como promotoras do cuidado em saúde; Educação emocional e espiritual como práticas do bem viver. E, no terceiro artigo, surgiram as seguintes categorias: Contextos de desenvolvimento infantojuvenil e uso excessivo das telas; Educação e estresse tóxico em tempos de pandemia; Limites da educação em tempos de pandemia; A Ética do Autocuidado em tempos de pandemia. Os resultados deste estudo identificaram que, em muitas famílias, o uso das tecnologias se faz de maneira compulsiva, despendendo tempo e muitas horas do dia conectados, acarretando efeitos negativos na saúde física e mental das crianças e adolescentes e, consequentemente, da saúde da família. Em contrapartida, também foi possível ampliar o olhar para o uso das redes sociais e contemplar experiências exitosas de teleconsulta, de terapia psicológica por chamada de vídeo no WhatsApp e de grupos de apoio e ajuda mútua no WhatsApp mediado por profissionais de CAPS. Como diz Merhy, não podemos esquecer que quem dirige a tecnologia somos nós e precisamos alimentar esta ideia que traz uma força em potência aos profissionais de saúde, sobre o bom uso da tecnologia, em favor de melhores cuidados e atenção que corroborem para a complexidade que é o viver a contemporaneidade.