A região amazônica apresenta inúmeras espécies vegetais das quais se extraem óleos e
gorduras de composição química e propriedades físico-químicas diversas. Dentre estas, destacam-
se as palmeiras (Arecaceae) que apesar da grande abundância, são poucas as que têm sido
exploradas economicamente, tal situação pode estar relacionada com a falta de estudos mais
aprofundados referentes as mesmas. Desta forma, visando contribuir com a obtenção de
conhecimentos mais abrangente sobre a qualidade e composição química de espécies oleaginosas
da Amazônia, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a composição estrutural dos
triacilglicerídeos (TAGs) presentes em três espécies de palmeiras Amazônicas: bacaba Oenocarpus
bacaba Martius, pupunha Bactris gasipaes Kunth e tucumã Astrocaryum aculeatum G. F. W Meyer.
Os frutos dessas espécies foram adquiridos em feiras locais e tiveram seus óleos provenientes dos
materiais secos e frescos das cascas, polpas e amêndoas submetidos à extração com acetona fria.
Após obtenção dos óleos, os mesmos tiveram seus componentes graxos caracterizados e
quantificados químicamente após processo de derivatização por CG-DIC e confirmados por CG-
EM. Posteriormente realizou-se a separação dos TAGs das diversas classes de lipídeos por extração
em fase sólida (SPE), sendo em seguida isolados entre si pela técnica de cromatografia líquida de
alta eficiência (CLAE) usando colunas do tipo C18 e C30. Os TAGs isolados foram identificados e
caracterizados regioespecificamente por espectrometria de massas em múltiplos estágios (MSn
) com
auxílio de sais de lítio e amônio, utilizando fonte de ionização do tipo “eletrospray” (ESI) em modo
positivo e detecção em analisador do tipo “íon trap”. A partir das análises por CG-EM e CG-DIC
foram identificados perfis de ácidos graxos semelhantes em todos os óleos provenientes das
cascas e polpas dos frutos, com predominância de ácidos graxos insaturados, destacando a
presença significante de ácido oléico e ácidos graxos essenciais como ácido linoléico (ω6) e
ácido linolênico (ω3) esse ultimo somente identificado nos óleos das cascas e polpas dos frutos
de tucumã. Nas amêndoas dos frutos de pupunha e tucumã observou-se a predominância de
ácidos graxos saturados como ácido láurico, mirístico e palmítico, além da presença relevante
de ácido oleico (ácido graxo monoinsaturado). Através das análises por expectrometria de
massas dos TAGs isolados por CLAE, foi possível identificar e caracterizar
regioespecificamente de 30 a 75 TAGs presentes nos óleos das polpas e amêndoas dos frutos.
Os óleos das polpas dos frutos de bacaba, pupunha e tucumã apresentaram uma abundância de
ácidos graxos insaturados como ácido oleico e/ou petroselínico, palmitoleico e ácidos graxos
essenciais linoléico (ω6) e linolênico, esterificados na posição sn-2 de diferentes TAGs. Os
óleos das amêndoas dos frutos de pupunha e tucumã mostraram serem ricos em ácidos graxos
saturados de cadeia média, como ácido láurico, mirístico e palmítico, além da presença de ácido
oleico e/ou petroselínico esterificados indistintamente nas posições regioespecíficas sn-1/sn-3
e sn-2 das moléculas de TAGs. A identificação da presença de ácidos graxos importantes para
a dieta humana, como ácidos graxos insaturados e ácidos graxos essenciais esterificados na
posição sn-2 de triacilglicerídeos, demonstram o potencial lipídico dos óleos amazônicos
principalmente para fins alimentares, uma vez que esta posição regioespecifica apresenta grande
importância biológica no processo de armazenamento e metabolismo de lipídeos.
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