Esta tese objetiva compreender o desmonte da política de formação continuada dos
alfabetizadores da rede municipal de ensino, mais particularmente a estratégia de
formação em polos da Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério
(DDPM), a partir de uma lógica privatizante e mercadológica da SEMED-Manaus e
suas implicações para os processos formativos e para a ação alfabetizadora. A
pesquisa está vinculada ao GPPE/CNPq/UFAM; à linha de pesquisa 2- Estado,
Políticas públicas e Gestão da Educação do PPGEDA, com apoio da CAPES e
FAPEAM. Para concretizar os objetivos propostos, realizou-se uma pesquisa de
campo numa escola da rede municipal com acompanhamento, por meio de grupos
dialogais, de três professores alfabetizadores, análise documental dos dispositivos
legais sobre alfabetização e programas de formação de alfabetizadores
implementados em âmbito federal. No contexto local, optamos por examinar a
estratégia de formação da Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério
(DDPM), setor responsável pela formação dos professores da rede municipal de
Manaus, concentrando nossa análise na estratégia de formação em polo/rede
colaborativa, considerando ser a estratégia formativa de atendimento a um número
maior de alfabetizadores da rede, além de outros instrumentos normativos como
proposta pedagógica para os anos iniciais, Plano Municipal de Educação e
Referencial Curricular Amazonense, confrontando com projetos e programas de
alfabetização da SEMED- Manaus derivados da gigantesca lógica privatizante da rede
municipal, materializada pelo Projeto de Expansão e Melhoria Educacional da Rede
Pública de Manaus (PROEMEM) e Gestão Integrada da Escola (GIDE), concentrando
nossa investigação no avanço do gerenciamento da política municipal de
Alfabetização pelo Instituto Ayrton Sena, cujo Programa de Gestão da Alfabetização
(PGA) foi o embrião de uma minuta de uma Política Municipal de Alfabetização e do
mais recente Currículo Escolar Municipal de Alfabetização. As contradições
encontradas nos dados foram validadas pelas vozes dos professores investigados na
pesquisa empírica e pelas vozes de seus pares, reveladas no movimento de
resistência surgido no decorrer da escrita desta pesquisa e contextualizado nesse
estudo. O referencial teórico ancora-se nas contribuições de Karel Kosik, Paulo Freire,
Magda Soares, Maria do Rosário Mortatti, Karl Marx, António Nóvoa e demais autores
de relevância nacional no contexto das políticas públicas de educação. Assim, a
investigação revelou o desmonte de uma importante política de formação de
alfabetizadores, indicando a necessidade de repensarmos as bases necessárias para
uma política municipal de alfabetização e de formação de alfabetizadores que garanta
efetivamente o direito humano e social de aprender a ler e a escrever para nossas
crianças da rede pública, assegurando espaços para a discussão e a participação dos
professores na elaboração dessas políticas, no debate coletivo sobre o currículo, que
irão desenvolver em seus percursos formativos, e na melhoria das condições objetivas
de seu trabalho, além da necessária aproximação da universidade às escolas
públicas, de forma a promover a aprendizagem ao longo da vida e uma alfabetização
pela qual se inicia o longo processo de humanização por meio da educação.
|
