Este estudo assume o propósito de verificar em que sentido os museus indígenas contribuem para o fortalecimento da identidade étnica, dando especial relevo ao Museu Vivo Antonio Samias, da etnia Kokama, residentes em Manaus, enquanto constituição de memória e produção de conhecimento. A complexidade dos estudos sobre a cultura amazônica requer um olhar sensível para o reconhecimento da iniciativa de criação de museus indígenas com a finalidade de fortalecer a identidade étnica. Investigar esta temática não é uma tarefa fácil, no entanto, a curiosidade de conhecer sobre a participação do povo Kokama de Manaus, no Amazonas, na criação de museus, nos fez perceber o quanto é necessário investir na coleta de dados para o melhor entendimento sobre estas ações. A criação dos museus, a seleção dos artefatos e elementos simbólicos estão integrados ao processo de reafirmação da identidade, revalorização de saberes e tradições; na ampliação das fronteiras políticas na reivindicação por terra e direitos sociais, numa lógica oposta à que é proposta pelos museus convencionais. O estudo assentou-se no aporte da pesquisa etnográfica, abrindo espaço às abordagens qualitativas com aplicação da técnica de entrevista semiestruturada junto a uma mostra de moradores da comunidade Nova Esperança Kokama, além de suas lideranças, localizadas na cidade de Manaus. Os principais resultados revelam que a narrativa mítica da Ipira Mama e do jovem garça são expressões autênticas da metamorfose e identidade híbrida, humano-animal que brota da sensibilidade da narrativa e do imaginário que permite dar vida as miniaturas de anta, pássaros, instrumentos de caça, pesca, cestarias e cerâmicas inspirados em suas memórias. Fica claro, por fim, que o museu indígena é expressão viva da memória do povo Kokama encarnado na sua identidade étnica.
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