O ingresso das mulheres em atividades fora de casa ocorreu após diversas mudanças na
história que resultaram no exercício de funções com trabalhos fora de casa e com
remuneração e trabalhos dentro de casa (afazeres domésticos e cuidados dos filhos). Além
dessas atividades, algumas mulheres decidem estudar e cursar a universidade como uma
possibilidade de construir uma carreira. Esta jornada diária é denominada de dupla
jornada de trabalho e neste contexto a vida e as escolhas realizadas adquirem significados
pautados nas histórias de vida e nas motivações de cada uma. Dessa forma, as trajetórias
escolares no ensino superior também são marcadas por significados construídos no
cotidiano. É neste contexto que esta dissertação objetivou compreender as trajetórias
escolares de mulheres que cursam a universidade e o exercício da dupla jornada de
trabalho e seus projetos de vida e carreira. O delineamento foi qualitativo, caracterizando
um estudo transversal e compreensivo a partir de entrevistas narrativas com duas
mulheres universitárias que exercem a dupla jornada de trabalho e, ainda cursam a
universidade. As entrevistas foram analisadas de acordo com a Análise Temática das
narrativas e com a elaboração de uma linha do tempo, que possibilitou a compreensão de
diferentes eventos e momentos na vida dessas mulheres. A presente dissertação
possibilitou avançar na reflexão das trajetórias de mulheres que exercem dupla jornada e
cursam a universidade, os aspectos de saúde destas mulheres e os projetos de vida
associados aos projetos de carreira para a elaboração de estratégias para a permanência
na universidade. Dentre os resultados, as maiores dificuldades identificadas para
permanecer e concluir a graduação foram a conciliação entre o curso e a vida familiar, o
transporte até a universidade, a gravidez e cuidados com filhos e o distanciamento social
devido a pandemia da COVID-19.
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