O turismo é um fenômeno social e tem se mostrado uma das práticas contemporâneas de maior visibilidade e capaz de promover transformações significativas ao lugar. Na Amazônia, na região do Alto rio Solimões, nas cidades de Tabatinga (Estado do Amazonas, Brasil) e de Leticia (Departamento Amazonas, Colômbia), o turismo manifesta-se por meio da contemplação do sistema ambiental. A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar, a partir da dinâmica do lugar, a contribuição do turismo para a conservação socioambiental na Amazônia. Quanto aos objetivos específicos, buscou-se apresentar as diferentes formações em turismo naquela região, identificar a organização local do turismo e sua relação com a conservação ambiental e, por fim, descrever a percepção ambiental dos atores sociais em relação ao turismo e aos seus atrativos. Como pressuposto teórico paradigmático da tese adotou-se o método da dialética da complexidade sistêmica de Edgar Morin (1996) e o Estudo de Caso de Robert Yin (2015). Os procedimentos de coleta de dados foram: a pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e a pesquisa de campo, além do uso das técnicas da observação direta e participante, entrevistas com roteiro prévio, registros fotográficos, coleta de coordenadas geográficas com GPS, uso do gravador e notas de campo. Os resultados da pesquisa revelaram a existência de instituições envolvidas no processo de qualificação profissional voltados ao turismo, mas apenas uma para formação superior: a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) por meio do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga (CESTB) que ofertou o Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo. A análise da matriz curricular, das práticas pedagógicas e dos trabalhos de conclusão de curso demonstrou que o sistema ambiental foi invisibilizado, sendo priorizada as áreas tradicionais do estudo do turismo (educação, lazer e hotelaria). No que se refere a organização do turismo, ela é mais visível na cidade de Leticia, em razão das interações na oferta de produtos e serviços turísticos com forte apelo ambiental e da existência de políticas públicas voltadas ao turismo. No tocante a percepção do turismo por moradores e visitantes, eles o associam a três palavras: conhecer, lugar e cultura. Entendem turismo como “conhecer a cultura e a natureza”, além de “novos lugares e lugares turísticos”. Finalmente, propõe-se o turismo amazônico como categoria reflexiva capaz de pensar o turismo na e para a Amazônia a partir de uma formação que tenha uma relação profunda com o ambiente, a necessidade da conservação ambiental e da biodiversidade como condições para a continuidade da vida e, também, os motivos pelos quais os visitantes buscam esse lugar. Independente da nomenclatura que o turismo receba, eles desejam contemplar as florestas, o rio, a cultura, em resumo, a sociobiodiversidade.
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