Dissertação

Bahsé ahpose - os ritos de adocicamento das águas e dos peixes na prática do tinguijamento no alto Vaupés

Nas paisagens etnográficas do Noroeste Amazônico Brasileiro se encontra o Rio Vaupés, na Terra Indígena do Alto Rio Negro, no Município de São Gabriel da Cachoeira. Nestas paisagens que os povos do Vaupés praticam o Bahsé Ahpose – Os ritos de adocicamento dos peixes na prática do tinguijamento. O co...

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Autor principal: Cruz, José Carlos Almeida
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/3693611928680899, https://orcid.org/0000-0002-3324-1594
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2023
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9457
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Este rito se realiza pelos diálogos com Kumuã (Pajés), porque o adocicamento faz parte da fórmula presente na taxonomia de todas as “rezas” benéficas e está sempre presente nelas. Realizam-se o rito em três eventos: o ritual de preparação do tinguijamento; ritual de realização do tinguijamento; e o ritual de adocicamento pós-tinguijamento. Este último é o “benzimento” de reordenamento (bahsé ahponᵾkõsé) do igarapé tinguijado e a adocicação das águas e dos peixes, como forma de negociação com Wai Mahsã (seres cósmicos) porque envolve as suas moradas. Para os povos do vaupés “bahsé ahposé” é que evita a escassez dos peixes e ordena os locais ou lugares de subsistência (dehsubase ahposé). É um ritual envolto em relação cosmopolítica dos povos do Vaupés com os peixes e envolve os especialistas Kumu (Pajé), Yâi (Xamã) e Bayaró (mestre das cerimônias) que dialogam com os Ahko Mahsã (Gente Água) e o Wa’i Mahsã (Seres Cósmicos). Assim sendo, o conhecimento cosmológico e cosmopolítico sobre os Pamuri Mahsã (Gente da Transformação) e Wa’i Mahsã é imprescindível para falar do rito, da segurança alimentar e da perpetuação da vida. Assim, no argumento desta pesquisa etnográfica, o não cumprimento das regras e preceitos estabelecidos pelas divindades criadoras (demiurgos/ Avôs do Universo) e pelo não uso do rito de adocicamento “mumipa’se” (tornar a água em mel) é que tornam o tinguijamento em prática predatória. Portanto, o rito proporciona a ressurgência dos peixes e seus alimentos. É um diálogo que pretende contribuir com a antropologia indígena e não indígena na perspectiva de sustentabilidade na Amazônia indígena. Palavras-chave Cosmologias; Cosmopolíticas; Kumuã; Ritos; Peixes; Timbó In the ethnographic landscapes of the Northwest Brazilian Amazon is the Vaupés River, in the Indigenous Land of Alto Rio Negro, in the Municipality of São Gabriel da Cachoeira. It is in this landscape that the people of the Vaupés practice the Bahsé Ahpose – Os ritos de adocicamento dos peixes na prática do tinguijamento. The knowledge of this rite and its practice is intercultural because it is the result of the encounter of cosmological and cosmopolitical knowledge in the life of the vaupés peoples. This rite is carried out through dialogues with Kumuã (Pajés), because sweetening is part of the formula in the taxonomy of all beneficial prayers and is always present in them. The rite takes place in three events: the ritual of preparation for tinguijamento; tinguijamento ritual; and the post- tinguijamento sweetening ritual. The latter is the reordering “blessing” (bahsé ahponᵾkõsé) of the tinguijamento stream and the sweetening of water and fish, as a form of negotiation with Wai Mahsã (cosmic beings) because it involves their dwellings. For the people of the Vaupés, “bahsé ahposé” is what prevents the extinction of fish and orders the places or places of subsistence (dehsubase ahposé). It is a ritual involved in the cosmopolitical relationship of the vaupés peoples with the fish and involves the specialists Kumu (Shaman), Yâi (Shaman) and Bayaró (master of ceremonies) who dialogue with the Ahko Mahsã (Water People) and the Wa'i Mahsan. Therefore, cosmological and cosmopolitical knowledge about the Pamuri Mahsã (People of Transformation) and Wa’i Mahsã (Cosmic Beings) is essential to talk about the rite, food security and the perpetuation of life. Thus, in the argument of this ethnographic research, non-compliance with the rules and precepts established by the creator deities and the non-use of the sweetening rite “mumipa’se” (turning water into honey) is what turns tinguijamento into a predatory practice. Therefore, the rite provides for the resurgence of fish and their food. It is a dialogue that aims to contribute to indigenous and non-indigenous anthropology from the perspective of sustainability in the indigenous Amazon. Key words Cosmologies; Cosmopolitics; Kumuã; Rites; timbo 2023-07-07T13:25:35Z 2023-04-10 Dissertação CRUZ, José Carlos Almeida. Bahsé Ahpose - os ritos de adocicamento das águas e dos peixes na prática do tinguijamento no Alto Vaupés. 2023. 78 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), 2023. https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9457 por Acesso Aberto application/pdf Universidade Federal do Amazonas Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Antropologia Social
institution TEDE - Universidade Federal do Amazonas
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