Anuros do gênero Allobates (Dendrobatoidea, Aromobatidae) compõem um grupo
monofilético de pequenos habitantes da serrapilheira de florestas tropicais que se distribuem do
oeste do Andes ao leste do Brasil. O principal desafio para a alfa taxonomia deste gênero
relaciona-se com o pronunciado conservatismo de caracteres da morfologia externa entre as
espécies, os quais são usualmente utilizados como diagnósticos e que contrastam fortemente
com uma notável disparidade bioacústica e genética entre populações. Utilizando o que
convencionou-se chamar de taxonomia integrativa, método abrangente para delimitar e
descrever táxons integrando informação de diferentes classes de caracteres, investigou-se
linhagens de Allobates do sudoeste da Amazônia, estado brasileiro do Acre, com uso de dados
moleculares, bioacústicos e morfológicos de adultos e girinos. No primeiro capítulo,
descrevemos Allobates velocicantus para a região do Juruá, a qual é de extrema importância
para a conservação de vários grupos biológicos. Este táxon diferencia-se das demais espécies
de Allobates genética e morfologicamente, mas principalmente pelo canto de anúncio, com
estrutura inédita para o gênero. No segundo capítulo, descrevemos Allobates albiventris para
a região de cabeceiras do rio Purus. Esta espécie foi confundida e nomeada erroneamente, por
um longo período como Allobates gasconi em diversos locais na Amazônia. No terceiro
capítulo, descrevemos uma nova espécie pertencente ao complexo trilineatus, amplamente
distribuído na Amazônia e que tem sua diversidade subestimada, com várias espécies
erroneamente determinadas e que carecem de descrição formal. Esta tese contribui não somente
para a taxonomia de Allobates, mas também para uma melhor compreensão da evolução e
biogeografia da ainda subestimada biodiversidade do sudoeste da Amazônia.
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