Diante do contexto da pandemia da Covid-19 e a suspensão das aulas presenciais, as escolas precisaram se
ajustar ao ensino remoto, fazendo uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), até
conseguirem retornar de forma híbrida e posteriormente presencial. Nesse contexto, esta pesquisa buscou
compreender as experiências formativas e de ensino de professores do Ensino Médio da Seduc-AM, na cidade
de Manaus, AM, Brasil, na perspectiva do(s) letramento(s) digital(is), diante das demandas criadas pela
pandemia da Covid-19 nos anos de 2020 e 2021. A intenção foi que, a partir dessa compreensão, se pudesse
pensar no desenho de políticas institucionais e formativas eficazes, na perspectiva dialógica. Este estudo se
fundamentou nos pressupostos teóricos relativos às TDICs (Castells, 1999; Lévy, 1999; Lemos, 2002), aos
letramentos e letramentos digitais e à formação de professores, desenhando-se a partir da linguística aplicada
(Kleiman, 1995; Buzato, 2006; Xavier, 2011; Ribeiro 2020a, 2020b, 2021a, 2021b) e da educação (Soares,
2002; Kenski, 2012; Goulart, 2006; Valente 1993, 1999, 2011, 2021; Moran, 2015; Garcia, 2006; Melo Neto,
2007, 2020). Além disso, foram consideradas as principais legislações prescritivas da educação nacional e
informações oriundas das plataformas digitais oficiais da Seduc-AM, entre outras fontes relevantes que
abordam a formação continuada para professores em relação ao uso pedagógico das tecnologias digitais.
Metodologicamente, esta pesquisa se configura como qualitativa, de caráter exploratório, descritivo e de
campo, fundamentada na perspectiva teórico-metodológica da análise dialógica do discurso de Bakhtin e do
Círculo - ADD, alinhada à teoria do professor crítico-reflexivo, tendo quinze professores do Ensino Médio da
Seduc-AM como participantes. Os dados foram gerados a partir do documento “Plano de Retorno às
Atividades Presenciais – ações pedagógicas, de gestão e saúde para as unidades de ensino Pós-pandemia da
Covid-19”, bem como da aplicação de um questionário, da realização de entrevistas, da troca de mensagens
via aplicativo WhatsApp, da escrita de um diário de bordo e da realização de uma experiência dialógica
formativa, desenvolvida em uma sequência de oficinas. Os resultados apontaram que a maioria dos professores
apresentou dificuldades no uso de dispositivos e navegação em plataformas, apesar de considerarem as TDICs
fundamentais. Em relação aos letramentos digitais, a maioria demonstrou uma percepção restrita sobre o
assunto. Quanto ao uso das TDICs durante o ensino remoto e híbrido, evidenciou-se que os aplicativos de
mensagens instantâneas e plataformas educacionais, como WhatsApp, Google Classroom, YouTube e redes
sociais, se constituíram os recursos digitais mais utilizados. As vivências foram marcadas por desafios,
apreensão e insegurança, devido à insuficiência de suporte formativo e material para os professores e os alunos,
os quais, por questões econômicas, acessaram as plataformas e recursos digitais adotados com bastante
limitações. Os resultados revelaram, ainda, que as políticas institucionais não consideraram de forma efetiva
os professores como sujeitos protagonistas do processo educacional, mesmo que afirmem tê-lo feito
enunciativamente, no documento oficial da Seduc-AM. Explicitou-se a necessidade do caminhar dialógico e
polifônico, envolvendo professores, escolas e políticas educacionais locais, para o êxito de novas práticas de
letramentos digitais, o que se confirmou na experiência dialógica formativa, em que práticas foram
ressignificadas pelos sujeitos docentes
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