Este trabalho se propôs a analisar e mapear os registros de ocorrências policiais
de Manaus, dos anos de 1916-1917, com a finalidade de identificar a diversidade
dos problemas urbanos existentes na cidade, na expectativa de revelar as
diferentes dimensões das práticas culturais populares que teriam sido alvos da
repressão policial. A fonte principal do projeto foi o Livro de Registros de
Ocorrências Policiais da Delegacia do 1º Districto da Capital, referente ao período
de setembro de 1916 a outubro de 1917. Através da análise de 1967 ocorrências
policiais de naturezas variadas, procuramos verificar as relações do órgão
repressor com as práticas culturais e os hábitos populares da época. Valendo-se
do fato de que a Delegacia do 1º Districto cobria a região central da cidade, região
de mais intenso tráfego de pessoas das mais variadas classes sociais, pudemos
visualizar um panorama geral da criminalidade Manauara e concluímos que o
maior trabalho da polícia estava na arbitragem de conflitos interpessoais que eram
desencadeados pelos mais diferentes motivos. Os registros nos revelaram uma
cidade movimentada e alimentada pelas pessoas que nela circulavam. Uma
cidade onde os maiores problemas urbanos diziam respeito a desordens,
embriaguez, vadiagem e prostituição. Uma cidade de pessoas que, por terem
diferentes modos de ser/pensar/agir acabavam gerando conflitos nos quais a
intervenção da força policial se fazia necessária, de pessoas que eram presas não
por roubos e assassinatos, mas por (quase sempre motivados pelo abuso de
bebidas alcoólicas) ultrapassarem os limites que a polícia julgava aceitáveis.
Notamos, também, que grande parte daqueles que preencheram as páginas
policiais eram cidadãos pertencentes às camadas populares, o que nos permitiu
afirmar que a polícia foi mais severa na repressão a essa camada da população.
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