Um elemento importante para o entendimento do processo de saúde-doença do trabalhador rural é a necessidade de estudos com foco na vigilância da saúde e da exposição com a finalidade de entender as condições de trabalho atuais e os padrões de lesões presentes a fim de determinar quais as áreas, culturas ou tarefas necessitam prioritariamente de intervenções ergonômicas. Na região Norte, destaca-se a população Ribeirinha que vive majoritariamente na beira de rios, igarapés, igapós e lagos, e que possui dentre suas atividades de trabalho a produção de farinha de mandioca por meio da agricultura familiar, sendo este um alimento típico da região, que tem sua produção vinculada ao plantio da mandioca, seu cultivo, a colheita e o preparo da farinha nos fornos. Esta atividade tem sido relacionada a uma questão de gênero, cabendo à mulher executar as tarefas que envolvem este processo. Portanto, considerado estes trabalhadores que são negligenciados, e incluídas no contexto da agricultura familiar, faz-se necessário a realização de estudos com abordagem ergonômica que possibilitem compreender a relação entre os ribeirinhos, suas atividades de trabalho e suas repercussões em seu corpo, notadamente no sistema osteomuscular. O objetivo deste trabalho é realizar análise ergonômica do trabalho das atividades de plantio, cultivo, colheita e preparo da farinha de mandioca realizado por ribeirinhos de uma comunidade do Estado do Amazonas. Trata-se de um estudo de caso com moradoras da comunidade São Lázaro, município de Caapiranga-AM. A análise ergonômica do trabalho será realizada aplicando a técnica descrita por Guérin et al. (2001) observação da atividade com registros em uma lógica temporal e cronológica. Os posicionamentos mais importantes durante a jornada de trabalho serão filmados para análise posterior por meio da aplicação de ferramentas ergonômicas auxiliadoras Rapid Upper Limb Assessment (RULA) e Rapid Entire Body Assessment (REBA). Serão levantadas, também, queixas álgicas e de desconforto corporal (número, intensidade, frequência, duração e local do desconforto). O financiamento das viagens (embarcações) será custeado pelo CNPq, via edital 014/2014, conforme parceria com Drª Debora Cristina Bandeira Rodrigues (Serviço Social-UFAM) em seu projeto na mesma comunidade. Tal projeto será apreciado pelo Comitê de Ética, dentro do qual haverá adendos para ampliação da pesquisa.
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