O presente texto trata da Educação Escolar Indígena (EEI) no município de Beruri, interior do Amazonas. O estudo se debruçou especificamente sobre a formação de professores indígenas pelo Projeto Pirayawara, oriundo de ações da Secretaria Estadual de Educação do Amazonas para formação de professores. A pesquisa foi norteada pela seguinte questão: o Projeto Pirayawara, como proposta de política pública para a EEI, tem contribuído para a melhoria da qualidade de ensino nas comunidades indígenas do município de Beruri-AM? O objetivo foi analisar a formação de professores indígenas realizada através do Projeto Pirayawara e como essa formação repercutiu nas práticas pedagógicas dos professores, numa perspectiva da qualidade do ensino e melhoria da EEI no município de Beruri. Considerando sua problematização, o estudo buscou responder aos seguintes questionamentos: a formação pelo projeto Pirayawara atendeu às especificidades da EEI em nível médio? Existem propostas de formação continuada para os professores indígenas em outros níveis de conhecimento? Quais os avanços e retrocessos na EEI em Beruri após a formação pelo Pirayawara? Como método para a análise dos dados obtidos a partir da entrevista semiestruturada utilizou-se a Análise Textual Discursiva (Moraes; Galiazzi, 2011). Os fundamentos teóricos dialogam com autores que realizaram pesquisas sobre a formação de professores indígenas no Amazonas, bem como com teóricos que discutem a EEI, tais como Luciano (2001), Nogueira (2015), Paes (2023), Dorzanio (2019), Meliá (1979), Silva e Ferreira (2001), Grupioni (2008), dentre outros. A análise enfocou as mudanças que asseguraram aos povos indígenas uma proposta de ensino que respeite a diversidade étnica, a pluralidade cultural e processos educacionais diferenciados e interculturais por meio da formação em Magistério Indígena - Nível Médio, ofertada pelo Projeto Pirayawara. Os resultados apotam que a formação contribuiu para a melhoria da qualidade do ensino nas comunidades indígenas em Beruri. Entretatanto, entraves políticos impossibilitam maiores avanços para a efetivação dos processos de formação de professores indígenas no município. Nesse sentido, há necessidade de maior compromisso das autoridades competentes para que as reinvindicações dos professores indígenas sejam atendidas, no que se refere ao direito a uma EEI diferenciada, intercultural e multi/bilíngue, como estabelece a legislação brasileira.
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