O envelhecimento caracteriza-se como um fenômeno heterogêneo e derivado de um processo multifatorial, por isso é evidente a diferença entre pessoas com 60 e 80 anos e até entre pessoas que possuem a mesma idade. É preciso um olhar para além de questões físicas do envelhecimento, que envolva o contexto social e as desigualdades, fatores que permeiam o envelhecer no Brasil, para compreender esse processo. A partir disso, o objetivo do estudo foi analisar as relações entre os Determinantes Sociais da Saúde e Atividade Física de idosos longevos da Zona Rural de Manaus, AM. Para atingir o objetivo proposto, foram utilizados, do protocolo multidimensional do idoso, os blocos relacionados aos Determinantes Sociais da Saúde e avaliação do Nível de Atividade Física. Fizeram parte deste estudo, pessoas de ambos os sexos e com idade igual ou superior a 80 anos, localizados mediante a um processo de identificação pela equipe de pesquisadores, residentes na Zona Rural e Ribeirinha do município de Manaus, AM. A análise de dados compreendeu a distribuição não normal para a variável de desfecho, para verificar o número de passos e utilizou-se mediana e intervalos interquartis para a descrição da mesma. Foram utilizadas frequências relativas e absolutas para descrição das variáveis categóricas. A análise de classes latentes foi o procedimento utilizado para identificar o número de agrupamentos de determinantes sociais da saúde. Dos 82 participantes, verificou-se que a maioria é do sexo masculino (53,7%), na faixa etária de 80 a 89 anos (93,2%), de cor de pele parda (77,2%), viúvo (46,3%), não fuma (93,9%), não consome bebidas alcoólicas (93,9%), não realiza exercícios físicos (59,8%). Além disso, a maioria da amostra não tem acesso à água potável (59,8%) e relata não haver locais de acúmulo de lixo próximo de suas residências (81,7%). Grande parte dos idosos trabalharam na agricultura (51,2%), possui renda familiar de até dois salários-mínimos (63,4%) e tem a aposentadoria como fonte de renda (87,8%), e verificou-se a presença de uma a quatro condições de agravos a saúde (56,1%). Relacionado aos estabelecimentos comerciais, a maioria relata acesso às tabernas (56,1%). Na análise inferencial, verificou-se que não houve associação dos agrupamentos de determinantes sociais de saúde com o número de passos/dia nos longevos (p<0,786). Conclui-se que são complexas as interações entre o contexto socioeconômico, as condições de vida e a saúde, destacando-se o baixo nível de atividade física dos idosos longevos residentes na Zona Rural de Manaus, AM. A falta de acesso aos serviços em geral, evidencia desafios intrínsecos ao território, que envolvam a rede de cuidado que priorize a equidade no âmbito da saúde e que, obviamente, impulsionem construção de políticas sociais voltadas a este segmento populacional.
|
