Dissertação

Os Animais, os guardiões da floresta e a festa da moça nova. narrativas sobre povo Ticuna

Este trabalho traz subsídios para pensar a relação entre os animais (“naẽῖgü”), os personagens que chamamos de “guardiões da floresta” (“Guecutügü”) e a festa da moça nova (“worecü”) segundo o ponto de vista nas narrativas e conhecimentos Ticuna. Para acessar o imaginário relativo aos animais basee...

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Autor principal: Clemente, Salomão Inácio
Outros Autores: Salomão Inácio Clemente
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2025
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10778
Resumo:
Este trabalho traz subsídios para pensar a relação entre os animais (“naẽῖgü”), os personagens que chamamos de “guardiões da floresta” (“Guecutügü”) e a festa da moça nova (“worecü”) segundo o ponto de vista nas narrativas e conhecimentos Ticuna. Para acessar o imaginário relativo aos animais baseei-me na coleção de tururís existente no Museu Nacional do Rio de Janeiro anteriormente ao incêndio de 2018, assim como em outros coletados em 2021 no projeto de reconstrução das coleções etnográficas do MN, tentando realizar uma leitura de seus significados a partir das imagens e conhecimentos dos Ticunas. As narrativas sobre os guardiães da floresta e sobre a festa da moça nova foram escutadas do ancião Pedro Hermenegildo Joaquim (“Boo’tacü”), durante trabalho de campo realizado na Terra Indígena São Leopoldo em visitas intercaladas em 2020 e 2021. O material reunido deixa claro que não estamos falando do passado ou de uma cultura preservada apenas nos museus e livros, mas evidencia a relevância e significação da tradição para a compreensão da produção artesanal, dos rituais e da vida contemporânea dos Ticuna. Num esforço reflexivo e de contextualização recupero, respectivamente, o percurso espacial, religioso e mítico de meu principal interlocutor e de seu irmão, assim como descrevo a situação histórica vivenciada atualmente pelos indígenas Ticuna. Num movimento inicial apresento minha própria trajetória enquanto antropólogo indígena, condição que será determinante de minha etnografia e da minha escrita, indicando sua singularidade e procurando beneficiar-me das potencialidades aí contidas.