Dissertação

Avaliação da assistência hospitalar e ambulatorial no centro psiquiátrico de referência do município de Manaus em 2008

O presente estudo, de delineação prospectiva, exploratório-descritiva e quantitativa, teve por objetivo avaliar a assistência ambulatorial e hospitalar no centro psiquiátrico de referência em Saúde Mental do Sistema Único de Saúde no município de Manaus, Estado do Amazonas, em 2008, do ponto de vis...

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Autor principal: Spolidoro, Fernando Kladt
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/8156856318409288
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2015
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/3636
Resumo:
O presente estudo, de delineação prospectiva, exploratório-descritiva e quantitativa, teve por objetivo avaliar a assistência ambulatorial e hospitalar no centro psiquiátrico de referência em Saúde Mental do Sistema Único de Saúde no município de Manaus, Estado do Amazonas, em 2008, do ponto de vista dos pacientes. Foram sujeitos do estudo pacientes admitidos para internação breve entre 1° de julho e 31 de agosto de 2008, que tinham a mínima capacidade psíquica para responder os questionários, com doença mental por mais de um mês e aceitaram participar voluntariamente da pesquisa. Esta se deu em duas etapas: a primeira, no momento de suas altas hospitalares, e a segunda, 30 dias depois. Os protocolos trouxeram perguntas fechadas e investigavam a assistência hospitalar e ambulatorial, com base nas Portarias 224 e 336 do Ministério da Saúde. A média de idade dos participantes foi de 35 anos, sendo a minoria (31%) casada ou em união estável. Quanto a escolaridade, 87% dos entrevistados tinham até o primeiro grau. Quarenta e três por cento dos pacientes fazem tratamento psiquiátrico há mais de 10 anos e 68% do total têm quatro ou mais internações prévias. O tempo médio de internação foi de 13 dias. Durante a internação, observou-se que todos foram atendidos por médico, 45% foram atendidos por psicólogos, 31% por assistente social e 25% tiveram terapia de grupo. A maioria (55%) dos participantes do estudo não teve qualquer tipo de lazer durante a internação e aprovou (69%) o sabor e a variedade da alimentação oferecida, bem como a limpeza e organização do hospital (89%). Os profissionais com a pior avaliação quanto ao item educação foram os recepcionistas e os vigilantes, ambos somaram 10% de insatisfeitos e muito insatisfeitos nas respostas dos usuários. Após a alta, os profissionais mais consultados foram os médicos, atendendo 41% dos entrevistados, seguidos pela terapia de grupo(22%). Os psicólogos e os assistentes sociais atenderam a apenas 4% da demanda, cada. Sessenta e dois por cento dos participantes reportaram-se satisfeitos com o relacionamento que têm com a equipe, mas 30% se mostrou insatisfeito quanto ao acesso à assistência e 57% deles recebem algum benefício social. Os resultados mostraram elevado índice de reinternação psiquiátrica no município de Manaus, às custas, possivelmente, da ausência de uma rede assistencial especializada eficaz. Também registrou-se relação entre o nível técnico-profissional dos funcionários e a satisfação dos usuários, ficando os recepcionistas e vigilantes com a pior avaliação. Verificou-se que, tanto durante a hospitalização quanto no acompanhamento ambulatorial, os pacientes não tiveram assistência multiprofissional. Somente o atendimento médico foi provido aos pacientes em ambos estágios de assistência: 100% para os pacientes internados e 41% aos pacientes ambulatoriais. Um terço dos pacientes desaprovou o acesso aos atendimentos, salientando a dificuldade em marcar consultas e a distância entre elas. O fato de dois terços dos entrevistados receberem algum tipo de benefício assistencial (previdenciário ou de transporte) sugere relação entre a qualidade e quantidade da assistência com o número de benefícios. Apesar do inadequado acompanhamento intra e extra-hospitalar, 87% dos participantes recomendariam o centro psiquiátrico a um familiar ou amigo que precisasse de assistência hospitalar em psiquiatria/saúde mental, reconhecendo o papel do CPER neste momento de transição do modelo hospitalocêntrico para um modelo substitutivo de assistência em saúde mental em Manaus.