O trabalho comporta a dimensão do prazer e do sofrimento e pode ser pensado como um
mediador para uma identidade frente ao mundo. Exerce deste modo um papel significativo na
constituição do trabalhador enquanto sujeito. A presente pesquisa utilizou como aporte teórico
a Psicodinâmica do Trabalho que se dedica a estudar a dimensão subjetiva do trabalho, bem
como contou com as contribuições da Psicologia Social Clínica para auxiliar na compreensão
do Sentido do Trabalho. O objetivo desta pesquisa é compreender a organização do trabalho
dos técnicos de nível superior de centros socioeducativos na cidade de Manaus, seu
desdobramento sobre as vivências de sofrimento e prazer bem como o sentido deste trabalho
para os mesmos, caracterizar a organização do trabalho prescrita e real, identificar os
agravantes de sofrimento no trabalho e as estratégias defensivas, compreender os
mobilizadores de prazer e as estratégias de enfrentamento do sofrimento no trabalho, assim
como o sentido do trabalho dos profissionais e sua relação com a mobilização subjetiva. A
pesquisa envolveu sete participantes, entre elas assistentes sociais, psicólogas e pedagoga que
atuam no sistema socioeducativo, especificamente em unidades de internação ou
semiliberdade para adolescentes dos sexos masculino e feminino. Foi utilizada como
instrumento para coleta de dados a entrevista individual semiestruturada. Todas as entrevistas
foram realizadas no local e no horário de trabalho de cada participante. A técnica de análise
utilizada foi a proposta por Moraes (2010) ao articular a teoria dejouriana à sistemática de
Análise da Teoria Fundamentada/Grounded Theory. A pesquisa identificou a organização do
trabalho prescrita como a categoria de maior expressão na fala das participantes e evidenciou
a dificuldade da maioria em atribuir sentido ao seu fazer. Foi possível interpretar o silêncio, as
falas pré-formuladas ou acríticas como uma expressão de sofrimento no trabalho, constatou-se
pouca abertura para o estabelecimento de um diálogo sobre as vicissitudes do trabalho, o real
do trabalho e seus impactos sobre a execução da tarefa e ainda sobre os mobilizadores de
prazer no trabalho.
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