A presença de materiais na água, geralmente decorrentes de atividades antrópicas, quando comprovada a existência em concentrações acima do permitido, restringe a utilização desse recurso ambiental para o uso pretendido, baseado em avaliação de risco à saúde humana (padrão de potabilidade). Diante disso, a pesquisa foi realizada utilizando-se um estudo de caso com base na complexidade sistêmica, buscando-se conhecer o fenômeno em seu contexto na vida real dos moradores e discentes do bairro Santa Rosa, em Tabatinga. O objetivo da pesquisa foi de
“elaborar um material didático sobre a temática qualidade e uso da água com vista compreender
as estratégias utilizadas pelos sujeitos e realizar análises físico-químicas e microbiológicas como
apoio para o ensino em Ciências Ambientais na educação básica”. Para isso foi necessário “caracterizar as formas de acesso e uso da água pelos moradores do Bairro Santa Rosa”, “avaliar
a qualidade da água para melhor compreensão do real no bairro” e “descrever a percepção
ambiental dos moradores e discentes sobre a qualidade e uso da água” em consonância aos
parâmetros previstos pela Portaria Ministério da Saúde Nº 2.914/11. Os instrumentos de pesquisa
adotados foram formulário de entrevista, acompanhado de diário de campo, levantamento
documental, observação direta, levantamento fotográfico, seguido da realização de análises
físico-químicas e microbiológicas da água para as determinações do aspecto, cloro, depósito,
odor, pH, temperatura, turbidez, coliformes totais e Escherichia coli, aliados às análises de
conteúdo dos discursos dos entrevistados. Os resultados quali-quantitativos foram submetidos à
estatística descritiva, numa perspectiva de triangulação, interpretado com base na estrutura de
respostas similares até a saturação, tecendo das partes ao todo. Os resultados mostraram que 70%
dos moradores têm como fonte de acesso a águas de poços tubulares. Essa água é armazenada em
caixas plásticas de polietileno de 1000L por 33%; e 37% disseram que essa água serve para tudo
e a percepção dos moradores é que essa água é boa (58%). Dos 25 pontos de coleta de amostras
de água, foi constatado que a água destinada ao consumo humano apresentou desconformidade
em pelo menos um item dos valores médios permitidos e aceitos de potabilidade pela Portaria Nº
2.914 de 2011 do Ministério da Saúde. Conclui-se que parte dos moradores está acessando água
fora dos padrões estabelecidos pela legislação, e que a melhoria dessa qualidade depende principalmente da implantação e difusão do saneamento básico; para o consumo humano, depende de cuidados e tratamentos; além de políticas públicas voltadas a programas de prevenção relacionados à saúde ambiental dos moradores e discentes do bairro Santa Rosa, em Tabatinga, Amazonas.
|
