Entre conflitos familiares e resoluções consensuais: a judicialização em tempos de humanização da Justiça
A presente tese se propôs a investigar os modos pelos quais a judicialização das famílias se incrementa através dos chamados métodos adequados de resolução de conflitos no âmbito da justiça humanizada. Para tanto, com base na etnografia realizada no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidad...
| Autor principal: | Oliveira, Camilla Felix Barbosa de |
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| Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/2616862141744569 |
| Grau: | Tese |
| Idioma: | por |
| Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2020
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| Acesso em linha: |
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oai:https:--tede.ufam.edu.br-handle-:tede-80132020-11-21T05:03:50Z Entre conflitos familiares e resoluções consensuais: a judicialização em tempos de humanização da Justiça Between family conflicts and consensual resolutions: judicialization in times of humanization of justice Oliveira, Camilla Felix Barbosa de Wiggers, Raquel http://lattes.cnpq.br/2616862141744569 http://lattes.cnpq.br/9129311353184833 Rufino, Márcia Regina Calderipe Farias http://lattes.cnpq.br/2921145527672892 Silva, Sidney Antônio da http://lattes.cnpq.br/0830926768091773 Rifiotis, Theophilos http://lattes.cnpq.br/3355141192938134 Justiça humanizada Tecnologias conciliatórias Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania Mediação familiar Mediação de conflitos CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Famílias Conflitos Judicialização Humanização da Justiça A presente tese se propôs a investigar os modos pelos quais a judicialização das famílias se incrementa através dos chamados métodos adequados de resolução de conflitos no âmbito da justiça humanizada. Para tanto, com base na etnografia realizada no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC Polo Avançado Manaus, buscou-se tecer uma leitura crítica sobre o movimento designado como humanização da Justiça e as tecnologias conciliatórias, bem como evidenciar as construções discursivas e representações sobre as famílias partilhadas pelos agentes e pelos sujeitos que demandam os serviços do judiciário. Situando-se entre os conflitos familiares e as resoluções consensuais, foi possível apreender tanto caráter relacional e complementar (apesar de não uniforme) dos discursos oficiais, das práticas dos agentes e dos modos de funcionar das famílias, quanto os sentidos controversos acerca das vivências familiares e das propostas oficiais de resolução de seus conflitos. Questões como reconciliação, rapport, comunicação não violenta, ambiente emocional, sensibilidade, traumas, alienação parental, dentre outras categorias discutidas neste trabalho, evidenciaram o viés psicológico que tem alimentado as novas biopolíticas e tecnologias destinadas à gestão dos conflitos familiares no judiciário. Assim, sem se despir de sua lógica judicializante, o sistema de Justiça adquire uma nova roupagem tida mais sensível às questões emocionais, com profissionais multi-especializados, abarcando uma gama de novos “direitos” e, sobretudo, com um modo de operar distinto. Em suma, as experiências em campo permitiram etnografar os conflitos familiares e perceber as lógicas, as retóricas, os sentidos e as representações presentes nas políticas e tecnologias construídas e operadas cotidianamente tanto pelos agentes quanto pelas famílias para dar conta dos conflitos que chegavam até o Judiciário, trazendo à tona a complexidade, os efeitos e desdobramentos dos novos modelos e intervenções que se capilarizam no campo social de modo acrítico e que são tidos como ferramentas inovadoras, humanizadas e capazes de ajudar as famílias. This thesis has proposed to investigate the ways in which the judicialization of families increases through the so-called appropriate methods of conflict resolution in the context of humanized justice. Therefore, based on the ethnography carried out in the Judicial Center for Conflict Resolution and Civic Rights – CEJUSC Manaus Advanced Pole, has sought to weave a critical reading about the movement designated as humanization of Justice and conciliatory technologies, as well as to highlight the discursive constructions and representations about the shared families by agents and the subjects whom demand the services of the judiciary. Being between family conflicts and consensual resolutions, it made possible to apprehend both relational and complementary (although not uniform) of official discourses, agents' practices and ways of families’ functioning, as well as the controversial meanings about family experiences and official proposals for the resolution of their conflicts. The issues such as reconciliation, rapport, nonviolent communication, emotional environment, sensitivity, traumas, parental alienation, among others categories discussed in this study, have been evidenced the psychological bias that has feeding the new bio-policies and technologies aimed at managing family conflicts in the judiciary. Thus, without denying itself from its judicializing logic, the Justice system acquires a new outfit more sensitive to emotional issues, with multi-specialized professionals, including a range of new "rights" and, above all, with a distinct way of operating. In short, the experiences in the field allowed to ethnograph family conflicts and realize logics, rhetoric, meanings, and representations present in policies and technologies built and operated daily by both agents and families to account for the conflicts that arrives at the judiciary, bringing to the surface the complexity, effects and developments of new models and interventions that are capillarized in the social field in uncritically and that are considered as innovative tools humanized and able to help families. Cette thèse proposait d'étudier les modes par lesquels la judiciarisation des familles est renforcée par les méthodes dites adéquates de résolution des conflits dans le cadre de la justice humanisée. Ainsi, sur la base de l'ethnographie réalisée au Centre judiciaire pour la Solution des Conflits et la Citoyenneté – CEJUSC Pôle Avancé Manaus, nous avons cherché à tisser une lecture critique sur le mouvement désigné comme humanisation de la justice et des technologies de conciliation, aussi bien que mettre en évidence les constructions discursives et des représentations sur les familles partagées par des agents et sujets qui demandent les services de la justice. Située entre conflits familiaux et les solutions consensuelles, il a été possible d'appréhender à la fois le caractère relationnel et complémentaire (bien que non uniforme) des discours officiels, les pratiques des agents et les modes de fonctionnement des familles, ainsi que les sens controversées à propos des expériences familiales et des propositions officielles pour résoudre leurs conflits. Des questions telles que la réconciliation, les relations, la communication non violente, l'environnement émotionnel, la sensibilité, les traumatismes, l'aliénation parentale, entre autres catégories abordées dans ce travail, ont montré le biais psychologique qui a alimenté les nouvelles biopolitiques et technologies visant à gérer les conflits familiaux dans le système judiciaire. Ainsi, sans se déshabiller de sa logique de judiciarisation, le système de justice acquiert une nouvelle apparence considérés comme plus sensible aux enjeux émotionnels, avec des professionnels multi-spécialisés, englobant une palette de nouveaux «droits» et, surtout, avec un mode de fonctionnement différent. En bref, les expériences de terrain ont permis d'ethnographiser les conflits familiaux et de comprendre les logiques, les rhétoriques, les sens et les représentations présentes dans les politiques et technologies construites et opérées quotidiennement soit par les agents soit par les familles pour faire face aux conflits qui atteignaient le pouvoir judiciaire, mettant en lumière la complexité, les effets et les conséquences des nouveaux modèles et interventions qui sont capillarisés dans le domaine social de manière acritique et qui sont considérés comme des outils innovants, humanisés et capables d'aider les familles. 2020-11-21T00:41:44Z 2020-10-19 Tese OLIVEIRA, Camilla Felix Barbosa de. Entre conflitos familiares e resoluções consensuais: a judicialização em tempos de humanização da Justiça. 2020. 197 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2020. https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8013 por Acesso Aberto http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ application/pdf Universidade Federal do Amazonas Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Antropologia Social |
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A presente tese se propôs a investigar os modos pelos quais a judicialização das famílias se incrementa através dos chamados métodos adequados de resolução de conflitos no âmbito da justiça humanizada. Para tanto, com base na etnografia realizada no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC Polo Avançado Manaus, buscou-se tecer uma leitura crítica sobre o movimento designado como humanização da Justiça e as tecnologias conciliatórias, bem como evidenciar as construções discursivas e representações sobre as famílias partilhadas pelos agentes e pelos sujeitos que demandam os serviços do judiciário. Situando-se entre os conflitos familiares e as resoluções consensuais, foi possível apreender tanto caráter relacional e complementar (apesar de não uniforme) dos discursos oficiais, das práticas dos agentes e dos modos de funcionar das famílias, quanto os sentidos controversos acerca das vivências familiares e das propostas oficiais de resolução de seus conflitos. Questões como reconciliação, rapport, comunicação não violenta, ambiente emocional, sensibilidade, traumas, alienação parental, dentre outras categorias discutidas neste trabalho, evidenciaram o viés psicológico que tem alimentado as novas biopolíticas e tecnologias destinadas à gestão dos conflitos familiares no judiciário. Assim, sem se despir de sua lógica judicializante, o sistema de Justiça adquire uma nova roupagem tida mais sensível às questões emocionais, com profissionais multi-especializados, abarcando uma gama de novos “direitos” e, sobretudo, com um modo de operar distinto. Em suma, as experiências em campo permitiram etnografar os conflitos familiares e perceber as lógicas, as retóricas, os sentidos e as representações presentes nas políticas e tecnologias construídas e operadas cotidianamente tanto pelos agentes quanto pelas famílias para dar conta dos conflitos que chegavam até o Judiciário, trazendo à tona a complexidade, os efeitos e desdobramentos dos novos modelos e intervenções que se capilarizam no campo social de modo acrítico e que são tidos como ferramentas inovadoras, humanizadas e capazes de ajudar as famílias. |
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