A presente pesquisa se debruça sobre o romance Quarenta dias, de Maria Valéria
Rezende, sinalizando a perspectiva feminina no espaço metropolitano e reiterando a
representação da mulher na sociedade. Buscou-se, por meio da obra em questão, identificar o
espaço social, a vivência nas grandes cidades e as angústias da desigualdade social na vida
cotidiana. Para tanto, recorreu-se às referências sobre autoria feminina, narrativa
contemporânea, teorias sobre cultura e sociedade, além de teses e dissertações, a fim de
identificar os diferentes olhares sobre Quarenta dias. Também contribuiu para o estudo a
fortuna crítica até aqui produzida sobre a obra analisada e sobre a representação da mulher. A
análise contempla o espaço urbano como ambiente, um dos traços da narrativa ficcional
brasileira contemporânea, testificando o livro como partícipe desse universo. Analisamos a obra
comparativamente, tendo por base as ideias de Tânia Carvalhal (2006) e Ilva Boniatti (2000),
com outro livro da autora, Outros cantos, delimitando as representações simbólicas, a
religiosidade e a narrativa brasileira de autoria feminina como resistência, reiterando aspectos
identitários do ambiente geográfico retratado na obra. Além dos trabalhos citados, a leitura de
Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, possibilitou relacionar as duas Alices em
Quarenta dias, pontuando as imposições dos moldes femininos, as descobertas de outros
lugares e a mudança repentina para o novo ambiente, requerendo curiosidades e adaptações
comportamentais, em mais um recorte comparativo. Por conseguinte, o objetivo deste estudo
foi analisar a representação da mulher na produção literária de autoria feminina em Quarenta
dias, de Maria Valéria Rezende, cujas reflexões e ideias acerca da autoria feminina estão sob o
aporte de História das Mulheres: o século XIX, de Genevive e Fraisse (1991), e os estudos de
Isabel Maria Luclktenberg (2013) e Silvia Cunha (2013), em A mulher na literatura e outras
artes, fruto de comunicações apresentadas no I Congresso Internacional de Cultura Lusófona
Contemporânea. No âmbito contemporâneo, os estudos realizados por Regina Dalcastagnè
(2012; 2015; 2018), Lúcia Zolin (2012; 2018), Leyla Perrone-Moisés (2016) e Juliana Santini
(2017; 2018a; 2018b) contribuíram para nossa investigação e análise. Em sociedade, cultura,
literatura, autoria e romance, elencamos Alfredo Bosi (2002; 2015; 2017), Antonio Candido
(2014a; 2014b; 2017) e Humberto Eco (2007; 2014).
|
