A formação continuada de professoras da Educação Infantil implica, para além de conteúdos
relativos ao fazer docente e a suas especificidades, também a ampliação do repertório cultural
dessas profissionais, o que inclui seu acesso à literatura. O encontro pessoal das professoras
com a literatura infantil, seus conteúdos e formas, pode reverberar no enriquecimento das
experiências das crianças com essa forma de manifestação cultural. Com base nesse
pressuposto, esta tese, vinculada à linha de pesquisa Formação e Práxis do(a) Educador(a)
frente aos Desafios Amazônicos, do Programa de Pós-Graduação em Educação, PPGE/UFAM,
teve como objetivo principal apreender, a partir dos enunciados dos sujeitos, os sentidos
atribuídos à literatura e às práticas com a leitura literária pelas professoras de um de Centro
Municipal de Educação Infantil de Manaus, durante um processo de formação continuada. Para
identificar os sentidos atribuídos pelas professoras à literatura ao longo do processo formativo;
compreender as relações entre este processo e a criação da necessidade de leitura literária
nas/pelas professoras e identificar, nos enunciados das professoras, indícios de reflexão sobre
a sua prática com a leitura literária na pré-escola, realizamos uma pesquisa com formação,
apoiada no Materialismo Histórico-Dialético, na Teoria Histórico-Cultural e na Filosofia da
Linguagem, bem como em estudos específicos sobre a literatura infantil no âmbito da Educação
Infantil. A investigação contou com dez professoras-sujeito. Foram procedimentos
metodológicos: a observação das professoras em momentos de leitura e contação de histórias;
o questionário; a discussão sobre as necessidades formativas das professoras; e os Encontros
Formativos, divididos em séries temáticas, realizados semanalmente entre agosto e dezembro
de 2020, em formato remoto devido à pandemia de COVID-19. Os resultados mostram que: a
formação literária das professoras é essencial para o uso intencional do acervo presente na
escola; a formação continuada é um espaço-tempo propício para o encontro das professoras
com a literatura mesmo na vida adulta, o que constitui um direito delas; conhecer as
especificidades da literatura infantil é fundamental para as práticas literárias com as crianças;
os sentidos são dinâmicos e sua transformação incide na mudança de enunciados e,
potencialmente, na mudança das práticas.
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