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Dissertação
Excesso de peso entre indígenas das etnias Mura e Munduruku do Amazonas
Introdução: Sobrepeso e obesidade são agravos em saúde que condicionam o desenvolvimento das chamadas doenças cardiovasculares (DCVs), responsáveis por quase um terço das mortes no Brasil e é a primeira causa de mortalidade. Tais fatores de risco cardiovascular (FRCs) são frequentemente encontrados...
Autor principal: | Pereira, Mirelly Tavares Feitosa |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/3366410745596258, https://orcid.org/0000-0003-1834-1375 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2023
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9663 |
Resumo: |
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Introdução: Sobrepeso e obesidade são agravos em saúde que condicionam o desenvolvimento das chamadas doenças cardiovasculares (DCVs), responsáveis por quase um terço das mortes no Brasil e é a primeira causa de mortalidade. Tais fatores de risco cardiovascular (FRCs) são frequentemente encontrados entre os indígenas, em decorrência do processo de urbanização e estilo de vida. Objetivo: Avaliar a prevalência de fatores de risco cardiovascular e suas associações em relação ao excesso de peso entre duas etnias indígenas do Amazonas. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico e transversal, realizado a partir da junção de dois macroprojetos de pesquisa, sendo um com a etnia Mura, do município de Autazes-AM e outro com a etnia Munduruku, de Borba-AM. Os dados foram coletados, respectivamente, em 2016 e 2018. Os bancos de dados resultaram em uma amostra de 914 indígenas (Mura: n=455; Munduruku n=459). Os participantes foram caracterizados por variáveis sociodemográficas relacionadas a etnia, sexo, idade, escolaridade, estado civil, renda familiar e classe econômica. Quanto aos parâmetros antropométricos, foram mensuradas as circunferências do pescoço, cintura, quadril e calculadas a relação cintura quadril, índice de conicidade e índice de massa corporal. A partir da bioimpedância avaliou-se o percentual de gordura corporal e gordura visceral. A avaliação do perfil lipídico considerou o colesterol total e triglicerídeo. As mensurações dos níveis pressóricos atenderam as recomendações da VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão e a classificação da glicemia capilar e das Diretrizes Brasileiras de Diabetes. Para avaliar o estilo de vida, utilizou-se o “Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ e para análise do consumo de álcool, o “Teste para Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool – AUDIT”. As análises de dados lançaram mão de um banco de dados no programa Excel e do software R 3.5.1 (R Core Team, 2018). As variáveis categóricas foram apresentadas em tabelas, contendo frequências absolutas (n) e relativas (%), as variáveis contínuas em média e o desvio padrão. Para as análises bivariadas, foi utilizado o teste t-Student e as categóricas com o teste de qui-quadrado de Pearson. Foram calculadas também as prevalências do excesso de peso e obesidade e associação de fatores de risco cardiovascular de cada etnia para as categorias de cada variável independente. Foi utilizado Odds Ratio (OR) ou Razão de Chances brutas e ajustadas de todas as variáveis, com o intervalo de confiança de 95% e o valor de p≤0,05. Os projetos de pesquisa foram devidamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Manaus – EEM/UFAM e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, respeitando todas as prerrogativas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012. Resultados: O excesso de peso entre as duas etnias foi de 54,5%, sendo que 54,8% dos indígenas Munduruku apresentaram sobrepeso e 63,3% dos Mura eram obesos. Quanto às características sociodemográficas destacam-se os Munduruku, onde 57,7% eram do sexo masculino e entre os Mura, 57,2% do sexo feminino; faixa etária de 19 a 39 anos (54,2%); baixa escolarização em ambas as etnias, para os Mura (55%), onde a maioria pertenciam à classe D-E (85,5%). Em relação as prevalências de fatores de risco cardiovascular, destacam-se a pré-hipertensão em 11,4% dos indígenas, hipertensão (17,1%), pré-diabetes (37,7%), diabetes (7,8%), hipertrigliceridemia (39,8%) e hipercolesterolemia (29,3%). Quanto aos hábitos e estilo de vida, 11,2% eram sedentários, 4,7% classificados como provável dependente ao uso de bebida alcoólica. Os fatores associados ao sobrepeso foram da etnia Munduruku (OR = 0,75; IC95% 0,57-0,99); Faixa etária de 50 a 59 anos (OR = 29,90; IC95% 6,10-540,78); possui nível superior completo (OR = 2,17; IC95% 1,23-3,86); Ter companheiro (a) - amasiado (a) (OR = 1,65; IC95% 1,12-2,46), casado (a) (OR = 2,48; IC95% 1,69-3,69). Entre as variáveis antropométricas associou-se: circunferência do pescoço aumentada (OR = 4,68; IC95% 3,26-6,85); relação cintura quadril aumentada (OR = 2,24; IC95% 1,66-3,04), índice de conicidade aumentado (OR = 1,68; IC95%
1,25-2,26); Percentual de músculo esquelético (OR = 0,98; IC95% 0,96-0,99); Gordura visceral alto (OR = 5,12; IC95% 3,69-7,15). Entre as condições clínicas avaliadas associaram-se ao sobrepeso: hipertrigliceridemia (OR = 1,87; IC95% 1,42-2,46), pré-diabetes (OR = 1,38; IC95% 1,04-1,85) e diabetes (OR = 2,17; IC95% 1,31-3,60) e provável dependência de bebida alcoólica (OR = 0,41; IC95% 0,18-0,88). Já os fatores associados à obesidade destacaram-se a etnia Mura (OR = 1,98; IC95% 1,42-2,79); sexo masculino (OR = 0,49; IC95% 0,35-0,68); ter ≥60 anos de idade (OR = 6,42; IC95% 1,81-40,88); possuir ensino fundamental completo ou ensino médio incompleto (OR = 0,42; IC95% 0,22-0,74); estado civil – casado (a) (OR = 2,09; IC95% 1,28-3,50). As variáveis antropométricas associadas à obesidade foram relação cintura quadril aumentada (OR = 18,53; IC95% 9,24-44,12); índice de conicidade aumentada (OR = 10,96; IC95% 6,12-21,74); percentual de músculo esquelético (OR = 0,85; IC95% 0,82-0,88); gordura visceral muito alto (OR = 37,33; IC95% 19,54-76,77). Ter hipertensão estágio 2 (OR = 9,38; IC95% 4,42-20,14); hipertrigliceridemia (OR = 3,13; IC95% 2,24-4,42); hipercolesterolemia (OR = 2,07; IC95% 1,47-2,91); pré-diabetes (OR = 0,63; IC95% 0,43-0,90), sedentarismo (OR = 2,10; IC95% 1,11-4,03). Conclusão: Os fatores de risco cardiovasculares entre os indígenas pesquisados mostraram-se elevados em relação ao excesso de peso. Os Munduruku apresentaram maior prevalência de sobrepeso e os Mura, elevada prevalência de obesidade, apresentando dez vezes maior chance de desenvolverem mais fatores de risco cardiovascular. Assim, é relevante destacar que os povos indígenas da região norte do Brasil apresentam novos perfis de morbidades, tendo as DCNT como realidade prevalente. |