Relatório de Pesquisa

Representações da mulher na ficção de Lima Barreto

Grande parte do universo ficcional de Lima Barreto (1881-1922) é composto por um setor médio urbano da cidade do Rio de Janeiro na virada do século XIX para o XX, havendo um predomínio entre os seus protagonistas de personagens homens, em especial funcionários públicos. As personagens femininas cons...

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Autor principal: Bruna Wagner
Grau: Relatório de Pesquisa
Idioma: pt_BR
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/3227
Resumo:
Grande parte do universo ficcional de Lima Barreto (1881-1922) é composto por um setor médio urbano da cidade do Rio de Janeiro na virada do século XIX para o XX, havendo um predomínio entre os seus protagonistas de personagens homens, em especial funcionários públicos. As personagens femininas constituem uma minoria em seus romances e quase sempre ocupam um papel secundário. Isso não quer dizer que Lima Barreto tenha se esquecido da condição da mulher brasileira naquele início de século XX no Brasil. Apesar de um reduzido universo de mulheres em sua obra, pode-se dizer que o autor conseguiu em vários momentos entender os limites impostos a mulher naquela sociedade: a necessidade de se casar, o choque com um universo masculino mesquinho, o preconceito contra a mulher negra e pobre, o aviltamento da condição humana resultante da prostituição. Esse aspecto altamente crítico pode ser melhor entendido com a leitura de uma série de crônicas produzidas ao longo da carreira do autor em que ele discute diretamente, sem a máscara ficcional, a condição da mulher brasileira. Nelas, Lima Barreto discute os desejos e aspirações das mulheres, manifesta seus preconceitos de homem brasileiro do início do século e como em toda a sua produção se manifesta contra aquilo que considera injusto como a absolvição por júri popular dos maridos que matavam as esposas adúlteras. O presente trabalho percorrerá essas crônicas do autor procurando entender os seus posicionamentos ideológicos, pois se tratam de crônicas de nítido valor opinativo. A seguir, esse substrato ideológico será comparado a algumas realizações ficcionais do autor na construção de personagens femininas. Para tanto, definiu-se a análise das seguintes personagens: Olga e Ismênia (Triste Fim de Policarpo Quaresma); Alcmena (Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá); as personagens femininas dos contos O filho da Gabriela, Uma vagabunda, Um e outro e Miss Edith e seu tio. Por último, será realizada a leitura de obras que tratam da visão ideológica de Lima Barreto, a saber: Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na 1a República, de Nicolau Sevcenko; Lima Barreto: o crítico e a crise, de Antonio Arnoni Prado; Entre a agulha e a caneta a mulher na obra de Lima Barreto, de Eliane Vasconcellos.