O presente trabalho tem como objetivo geral analisar de que maneira o livro O Cabelo de Lelê, de Valéria Belém, e Amor de Cabelo, de Matthew A. Cherry, retratam as questões raciais. Enseja-se analisar nas obras literárias a questão da identidade e da valorização das crianças negras. É do conhecimento geral que as crianças negras sofrem preconceitos relacionados com os seus traços fisionômicos, por não estarem inseridas no padrão europeu. Nesse contexto, o cabelo crespo e cacheado é visto de modo estereotipado, sendo associado, portanto, à dupla significação de ruim e feio. Diante disso, este artigo realiza uma análise dos livros dos autores Valéria Belém e Matthew A. Cherry, a fim de refletir acerca dos preconceitos engendrados ao cabelo afro-brasileiro. Busca-se discutir, ainda, a importância da construção identitária das crianças por meio das obras literárias destinadas ao público infantil e presentes no contexto escolar. Para abordar as questões mencionadas, o aporte teórico utilizado baseia-se em: Marisa Lajolo e Regina Zilberman (2007), que trarão contribuições a respeito da formação da literatura infantil; Philippe Ariès (2004), o qual aborda a concepção de infância no decorrer dos séculos; Kabengele Munanga (1990), que reflete a respeito da valorização da identidade negra; e, por fim, Antonio Cândido (2007), vislumbrando a literatura como um bem que todos deveriam acessar.
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