A Cultura Ballroom tem origem nas periferias de Nova York por volta dos anos 60 e se
disseminou pelo mundo estabelecendo diversas cenas artísticas que compartilham o estilo de
dança vogue e se organizam em comunidade. Os integrantes dessa comunidade se organizam
em um sistema de casas que se reconhecem enquanto famílias e desenvolvem estratégias para
resistir às violências estruturais impostas a corpos marginalizados. Este estudo foi estruturado
a partir de dois artigos que estão vinculados a linha de pesquisa ‘‘Processos Psicossociais’’, e
dialoga com debates sobre psicologia, feminismo negro e interseccionalidade, refletindo
aspectos psicossociais pertinentes à realidade amazônica, visto que a influência da cultura dos
povos originários fortalece os processos de enfrentamento da exclusão racial através da arte,
possibilitando ressignificações e o resgate da identidade a partir das vivências. O primeiro
estudo discute as dinâmicas de reprodução e subversão, abordando a comunidade Ballroom
como um espaço de resistência política, utilizando um método etnográfico baseado em
observação participante, anotações sistematizadas em diários de campo e descrição densa. O
segundo estudo apresenta dados descritivos sobre o território da comunidade Ballroom em
Manaus. Por meio de um mapa, que sinaliza e descreve os locais de treinos nos anos de 2021,
2022 e 2023, descrição das Casas manauaras que compõem a comunidade local e registros de
conversas e encontros em treinos que contribuem para a compreensão das diversas dimensões
da cena amazônica. Por fim, os resultados parciais do grupo focal com as lideranças e
participantes da Comunidade Ballroom de Manaus durante o “Treino Pré-Ball”, realizado em
junho de 2024, contribuem para compor a amplitude de dados abrangidos em campo. Os
resultados das pesquisas indicam que a Comunidade Ballroom em Manaus, em sua diversidade
e complexidade, reproduz e subverte as lógicas hegemônicas de poder, por meio de uma
organização social e política de vínculos afetivos, trabalho e arte. Este estudo ressalta a
singularidade da Comunidade Ballroom no Norte do Brasil, evidenciando como o contexto
amazônico molda suas práticas, reforçando a relevância de pesquisas que contribuam para a
compreensão de contextos culturais marginalizados, bem como, para identificar nesses
espaços, a possibilidade de construção de políticas públicas a partir das necessidades e
protagonismo político destas comunidades.
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