Dissertação

Lúpus eritematoso sistêmico e fatores de risco para eventos adversos na gestação: uma coorte retrospectiva no Estado do Amazonas

Contexto: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença imunomediada que predomina na mulher em idade fértil e interfere diretamente no resultado da gestação, está associado a maiores incidências de pré-eclâmpsia, óbito fetal, prematuridade e aumento na incidência e piora da atividade do LES. Emb...

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Autor principal: Santos, Sérgio Henrique Oliveira dos
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/8760480654266723
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2025
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10625
Resumo:
Contexto: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença imunomediada que predomina na mulher em idade fértil e interfere diretamente no resultado da gestação, está associado a maiores incidências de pré-eclâmpsia, óbito fetal, prematuridade e aumento na incidência e piora da atividade do LES. Embora o LES e gestação seja tema amplamente estudado, há poucos estudos no Brasil. Objetivos: Descrever a incidência e os fatores de risco para complicações maternas, fetais e/ou perinatais em gestações de pacientes com LES em um serviço terciário no Estado do Amazonas. Métodos: Foi feito um estudo retrospectivo descritivo e analítico observando os períodos: anterior a, durante a e posterior a gestação em relação as medicações, atividade de doença e desfechos maternos e fetais. A análise descritiva foi feita utilizando frequências absolutas e relativas, média com desvio padrão ou mediana com intervalo interquartil as associações categóricas utilizaram os testes do qui-quadradro, Fisher ou McNemar, variáveis contínuas foram analisadas utilizando teste de Wilcoxon, Mann-Whitney ou teste-T de Student. O ajuste da razão de chances e a determinação dos fatores de risco foi realizada fazendo uso de regressão logística binária. Resultados: O estudo incluiu 155 gestações de 109 pacientes, com média da idade de 28,2 (±5,5) anos na época da gestação, 76 (49%) apresentavam história de nefrite, e 93 (60%) alterações imunológicas, 94 (60,4%) antecedente de doença renal crônica, 45 (29%) hipertensão e 18 (11,6%) síndrome antifosfolípede (SAF). Em 131 (88,5%) gestações houve uso de medicação imunossupressora antes do período gestacional, em 56 (36,1%) a mãe apresentava LES ativo com atividade renal, cutânea e hematológica sendo as mais frequentes. Durante a gestação houve aumento de 12,3% (p=0,004) na proporção de pacientes com doença ativa, em 32,7% (p<0,001) na de hipertensão; vinte e dois vírgula nove por cento das gestações resultaram perda gestacional, 15,7% resultaram em aborto espontâneo, e 7,2% em natimortos, pré-eclâmpsia ocorreu 16,8%, prematuridade em 37,3%, baixo peso ao nascer para idade gestacional em 16,2% e restrição do crescimento intrauterino em 15,6%. Alterações imunológicas OR=3,02 [1,11; 8,21] p=0,031, envolvimento renal OR=3,74 [1,25; 11,21] p=0,018, e atividade de doença antes da gestação OR=1,3 [1,04; 1,64] p=0,023 foram fatores de risco para os eventos adversos maternos e o uso de hidroxicloroquina antes da gravidez fator protetor OR=0,23 [0,08; 1,64] p=0,007. Para os eventos fetais e perinatais os fatores de risco foram o uso de AAS OR=5,22 [1,33; 20,54] p=0,018 e a atividade de doença durante a gestação OR=1,31 [1,14; 1,52] p<0,001, o uso de hidroxicloroquina antes e durante a gestação foi fator protetor OR=0,14 [0,04; 0,44] p=0,001. Conclusão: Nas gestações em que o LES estava em atividade antes e durante a gravidez, houve maior incidência de eventos adversos, maternos, fetais e perinatais. O manejo da gravidez nas pacientes com LES, continua a ser um desafio e deve ser conduzida de forma multidisciplinar, e a atividade de doença deve ser monitorada cuidadosamente antes, durante e após a gestação, a hidroxicloroquina deve ser mantida durante todo o período da gravidez.