Dissertação

Avaliação do TREM-1 solúvel sérico como marcador de atividade de doença na nefrite lúpica

Contexto: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica de etiologia multifatorial, caracterizada por períodos de atividade e remissão. A nefrite lúpica representa uma das manifestações mais graves e é um dos principais determinantes de morbimortalidade no LES. A predição e c...

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Autor principal: Carneiro, Bárbara Seabra
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/4144422918333871, https://orcid.org/0000-0002-5922-7766
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2025
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10827
Resumo:
Contexto: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica de etiologia multifatorial, caracterizada por períodos de atividade e remissão. A nefrite lúpica representa uma das manifestações mais graves e é um dos principais determinantes de morbimortalidade no LES. A predição e confirmação de atividade na nefrite lúpica ainda é um desafio, sendo essencial a busca por biomarcadores confiáveis que auxiliem no monitoramento clínico. O receptor TREM-1 (Triggering Receptor Expressed on Myeloid Cells-1) tem sido identificado como um amplificador da resposta inflamatória inata e já foi associado a diversas condições inflamatórias e autoimunes. Objetivos: Avaliar o TREM-1 solúvel sérico (sTREM-1) como marcador de atividade de doença na nefrite lúpica, além de comparar os valores deste biomarcador em pacientes com nefrite ativa e LES inativo e com controles saudáveis e verificar a associação dos valores de sTREM-1 com o uso de medicações nestes pacientes. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional transversal, realizado no serviço de reumatologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV/UFAM). Os pacientes foram divididos em dois grupos (nefrite ativa e LES inativo) baseados em achados clínicos e laboratoriais. Os dados foram coletados a partir dos prontuários e amostras de sangue foram analisadas por ELISA para quantificação de sTREM-1. A análise estatística incluiu testes não paramétricos, curva ROC e modelos de regressão linear para avaliar a associação entre valores de sTREM-1 e uso de medicações. Resultados: Foram incluídos 176 pacientes com LES, dos quais 85 apresentavam nefrite ativa e 91 encontravam-se com LES inativo, além de um grupo controle composto por 88 indivíduos saudáveis. Os resultados demonstraram que os valores séricos de sTREM-1 foram significativamente mais elevados nos pacientes com LES quando comparados aos controles saudáveis (p < 0,0001), com uma curva ROC indicando excelente capacidade discriminatória (AUC = 1,00). No entanto, não foi observada diferença estatisticamente significativa nos valores de sTREM-1 entre os pacientes com nefrite ativa e aqueles com LES inativo (p = 0,293), sugerindo baixa capacidade deste biomarcador para identificar nefrite lúpica ativa. Além disso, observou-se uma associação entre níveis aumentados de sTREM-1 e o uso de tacrolimus no grupo com nefrite ativa (p = 0,049), enquanto o uso de antimaláricos esteve associado à redução dos níveis de sTREM-1 no grupo com LES inativo (p = 0,007). Conclusão: Os resultados deste estudo indicam que, embora o sTREM-1 sérico seja um biomarcador que diferencia indivíduos com LES de controles saudáveis, sua utilidade na avaliação de atividade na nefrite lúpica ainda é limitada. A possível influência de medicações utilizadas no tratamento do LES sobre os valores séricos de sTREM-1 é uma descoberta. Este estudo é pioneiro na análise do sTREM-1 sérico em pacientes com LES na região Norte do Brasil e destaca a necessidade de novos estudos longitudinais para melhor compreensão do papel deste biomarcador na doença.