O mundo se constitui como uma multiplicidade de expressões de saberes e fazeres que se atualizam em diferentes modos de existência. A partir dessa perspectiva, reconhecemos a importância de acolher as potencialidades de aprender com a diferença, valorizando os encontros que acontecem na escola. Nesse sentido, somos movidos pela questão “que afetos emergem no corpo-estudante da comunidade Nossa Senhora do Rosário (Parintins-Am) dos encontros entre saberes-vivências e os conhecimentos escolares?” que instaura nossa preocupação de pesquisa, de compreender que afetos emergem nesses encontros no espaço escolar. Nesse percurso, traçamos composições com a filosofia da Diferença, especialmente nas obras de Spinoza (2021), Deleuze (1999, 2002, 2005, 2012, 2019) e Bergson (2010 a; b, 2019), articuladas com epistemologias indígenas e perspectivas antropológicas. A cartografia foi mobilizada para mapear saberes-vivências, como o da pesca, da agricultura e da caça, que constituem a memória da comunidade e se atualizam nas práticas cotidianas. Os desdobramentos da investigação nos possibilitaram agir para tornar o espaço escolar favorável ao acontecimento de bons encontros através da realização de oficinas de expressão e criação com os estudantes. O mapeamento dessas práticas contribuiu para criar um ambiente escolar mais receptivo aos saberes das experiências, favorecendo a produção de afetos alegres e ampliando a potência de criação dos estudantes. A abordagem evidencia que os afetos que emergiram variam entre o passivo e o ativo, e podem ser intensificados por encontros que valorizem a diferença e o coletivo. Portanto, entendemos que o espaço escolar, ao acolher as multiplicidades, pode expandir as possibilidades de criação e transformação nos processos educativos.
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