Dissertação

Mãos que tecem o festival folclórico de Parintins: um estudo sobre as condições de trabalho e saúde dos artistas de galpão do boi-bumbá

A Saúde do Trabalhador é uma área da saúde pública que tem na relação entre trabalho e saúde seu objeto de estudo e intervenção. Reflexo da contradição capital e trabalho, este campo considera os aspectos socioculturais, econômicos e políticos para delinear ações de promoção, proteção, recuperação e...

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Autor principal: Catalão, Laranna Prestes
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/0547759213681044
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2015
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4169
Resumo:
A Saúde do Trabalhador é uma área da saúde pública que tem na relação entre trabalho e saúde seu objeto de estudo e intervenção. Reflexo da contradição capital e trabalho, este campo considera os aspectos socioculturais, econômicos e políticos para delinear ações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores, com base na análise das condições e processos de trabalho a que são submetidos. Por este caminho, o objetivo deste estudo foi analisar as condições de trabalho e os impactos na saúde na perspectiva dos artistas de galpão dos Bois-Bumbás do Festival Folclórico de Parintins, no Estado do Amazonas. Símbolo da cultura amazonense, este evento engloba a apresentação de quadrilhas, boi-bumbá mirim, danças e tem como principal atração o espetáculo produzido pelos Bumbás Caprichoso e Garantido, que impressionam pela exuberância e criatividade das alegorias e indumentárias utilizadas em sua apresentação na arena do Bumbódromo. A categoria de trabalho “artistas de galpão”, sujeitos centrais deste estudo, é a denominação que estes trabalhadores se atribuíram e subdividem-se em uma equipe formada por artistas de ponta (artista plástico coordenador da equipe), escultor, soldador, pintor, artesão e auxiliar de galpão. Para este trabalho, a metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica, entrevista semiestruturada, observação sistemática e diário de campo, para apreender o processo de trabalho e o meio ambiente a que os sujeitos desenvolvem seu trabalho diário. Em 2013, cada Associação Folclórica contratou, em média, 110 (cento e dez) artistas de galpão e, deste universo, foram entrevistas 19 (dezenove) profissionais das duas agremiações. Para complementar o estudo do ambiente de trabalho e da política de saúde e segurança do trabalho das associações, foram entrevistados o diretor de galpão, o técnico de segurança do trabalho e o responsável pelo setor de saúde dos dois bois. Observou-se que as atividades desenvolvidas pelos artistas de galpão, considerando a perspectiva dos sujeitos, o meio ambiente de trabalho e os instrumentos utilizados, trazem riscos à saúde. Nos relatos obtidos nas entrevistas, identificou-se acidentes de trabalho e doenças causadas pelo ofício, doenças em que este foi fator contributivo e/ou agravador de enfermidade já estabelecida. Observou-se ainda que as Associações têm melhorado a condição de trabalho dos artistas de galpão por pressão sofrida pelo Ministério Público do Trabalho desde 2009, como ocorreu com a modificação da forma do contrato de trabalho, das melhorias no ambiente de trabalho e no cumprimento do pagamento dos salários atrasados. Apesar disso, ainda é preciso que as associações folclóricas e o poder público e privado, patrocinadores do evento, compactuem entre si para estabelecimento de políticas de saúde e segurança do trabalho para os artistas de galpão e demais trabalhadores, permitindo que suas mãos teçam o Festival Folclórico de Parintins com mais dignidade.