A globalização da economia tem apresentado comportamentos
mercadológicos dinâmicos e indeterminísticos e tem exigido das organizações
empresariais, particularmente as de manufatura de commodities, uma maior
capacidade de adaptação a essas mudanças cada vez mais frequentes.
Outro fator a ser considerado nas organizações de manufatura é o
decréscimo da margem de rentabilidade em função da maior competição no
mercado globalizado e das inovações tecnológicas. O lucro a ser obtido cabe
quase que exclusivamente à gestão do fluxo do processo produtivo através do
enxugamento das operações e a redução do tempo de atravessamento de
produção.
Neste contexto, se tem demonstrada a inadequação de modelos de
gestão determinísticos e reducionistas, que avaliam o comportamento do sistema
como a somatória dos comportamentos das partes, através de relações lineares
entre as diretrizes estabelecidas pela gestão e os resultados esperados da
operação da produção. Isto equivale a ter uma visão de que, em se tendo um
plano de produção que possa ser atendido pela disponibilidade de matéria prima
e recursos produtivos, máquinas e mão de obra passam a ser, simplesmente,
uma questão de execução e acompanhamento do referido plano de produção.
O que se tem constatado é que os comportamentos sistêmicos de tais
organizações se descrevem pelas interações entre suas partes internas e
externas, onde muitas dessas interações apresentam características ordenadoras
e desordenadoras simultaneamente. Além disso, elas são muito dependentes das
condições iniciais para a realização de seu planejamento.
Observa-se também que essas características comportamentais da
organização de manufatura podem ser descritas como típicas dos Sistemas
Complexos Adaptativos (SCA). Para estas organizações o sistema representativo
do processo produtivo é um subsistema da organização empresarial e pode ser
descrito como um SCA.
No sistema de manufatura, as partes são formadas por agentes que
apresentam interações entre si e com o ambiente produtivo de forma
diferenciada, isto é, a interação dos agentes de produção difere da dos agentes
de qualidade em relação ao ambiente produtivo. As ações dessas interações são
complexas e ordenadoras e desordenadoras simultaneamente não permitindo
estabelecer uma relação de linearidade entre causas e efeitos. Nesse contexto de
complexidade, o sistema produtivo se mostra mais criativo e capaz de se adaptar
diante das mudanças internas e externas do ambiente.
A gestão do conhecimento aplicada de forma sistêmica através da
tecnologia de informação, denominada de MES (Manufacturing Execution
Systems), pode aumentar a capacidade de aprendizado do sistema resultando no
ganho de produtividade e rentabilidade do processo produtivo avaliadas por
indicadores de desempenho.
Será demonstrado nessa dissertação, o fato de que a gestão do
conhecimento pode estabelecer uma melhor definição das ações operacionais
eficazes e efetivas, a partir das extrações dos conhecimentos tácitos, obtidos
através das interações com o ambiente produtivo, transformados em
conhecimentos explícitos e disseminados entre os demais agentes.
O MES auxiliará na ampliação da percepção do ambiente produtivo e na descrição estruturada dos procedimentos correspondentes aos conhecimentos
explícitos e também para disseminar conhecimentos para atenuação das perdas.
A coerência das ações estabelecerá a identidade da organização e,
consequentemente sua capacidade de adaptação e auto-organização.
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