Tese

Pedagogia da Identidade: interculturalidade e formação de professores

A presente pesquisa aborda o trabalho com a identidade cultural como possibilidade de uma formação docente voltada para as diferenças culturais pelo olhar da interculturalidade no curso de Pedagogia. Formação fundamentada na compreensão das diversas epistemologias como uma ecologia de saberes. A...

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Autor principal: Vasconcelos, Corina Fátima Costa
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7806888496537416
Grau: Tese
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2017
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5595
Resumo:
A presente pesquisa aborda o trabalho com a identidade cultural como possibilidade de uma formação docente voltada para as diferenças culturais pelo olhar da interculturalidade no curso de Pedagogia. Formação fundamentada na compreensão das diversas epistemologias como uma ecologia de saberes. A espinha dorsal da investigação defende que o trabalho com a identidade cultural na formação dos professores pressupõe a formação de uma identidade docente, determinante para a forma como esse professor vai trabalhar com as diferenças culturais das crianças que vivem na Amazônia. Sua tessitura deu-se a partir do problema de estudo: como o trabalho com a identidade cultural na formação inicial possibilita a (re)construção de uma identidade docente para trabalhar com as diferenças culturais na escola, tendo em vista o desenvolvimento de uma educação intercultural em Parintins/AM? Para tanto, desenhamos como objetivos de pesquisa: conhecer a concepção de cultura e identidade cultural que tem fundamentado os discursos e as práticas dos docentes do curso de Pedagogia do ICSEZ e como esta determina o trabalho com as diferenças culturais no processo de formação inicial; descrever os grupos culturais que constituem as identidades do parintinense a partir da construção histórica da cidade e identificação dos professores em formação; identificar como os conhecimentos/saberes da identidade cultural local são trabalhados no currículo e na prática dos professores do curso de Pedagogia do ICSEZ e se estes contribuem para uma formação docente voltada para o trabalho com as diferenças culturais na perspectiva da interculturalidade e; analisar os desafios e as possibilidades de se pensar uma formação docente que contemple a identidade cultural local, comprometida com as questões das diferenças culturais na perspectiva da interculturalidade. A pesquisa assume pressupostos teóricos da interculturalidade crítica para a formação docente, tensionados por aportes pós-coloniais. No tocante ao caminho metodológico, a investigação assume a perspectiva da hermenêutica crítica como abordagem de compreensão do objeto de estudo, pois examina minuciosamente os nexos entre as experiências cotidianas dos sujeitos e as representações culturais dessas experiências. De natureza qualitativa, foi realizada no Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia de Parintins, cujos sujeitos foram os docentes e os professores em formação do curso de Pedagogia. Para a construção e coleta de dados, utilizou-se a observação direta, entrevista semiestruturada, questionário e análise documental. Os dados revelam que a identidade cultural do parintinense é tecida na cultura indígena, ribeirinha, na vida na cidade, na religião, no rito do boi-bumbá e nos encontros com os que chegam de outras regiões do Brasil e do mundo. Entretanto, não há um trabalho sistematizado com os conhecimentos/saberes da cultura local no curso de Pedagogia. O trabalho com as diferenças culturais é recorrente nas práticas dos docentes, todavia, está assentado na perspectiva do multiculturalismo liberal, pois o caráter monocultural e universalizante é predominante nos textos, discursos e práticas de grande parte dos docentes. Assim, defendemos a formação dos professores para o trabalho com as diferenças culturais pelas lentes da interculturalidade, de modo a confrontarmos a formação de identidades essencializadas e abrirmos “brechas”, “fissuras” para a construção de identidades docentes híbridas, críticas e plurais. Temos consciência de que reinventar e desconstruir processos colonizadores não é uma tarefa fácil. Exige, entre outras questões, o enfrentamento de desafios e a construção de possibilidades como ideal ético cravado na vida de docentes e discentes que priorizam a formação para a democracia e a justiça social.