Tese

Crianças e territorialidades : As brincadeiras nas ruas do bairro da União em Parintins/AM

A tese apresenta os resultados de um estudo, cujo tema: “Crianças e territorialidades: as brincadeiras nas ruas do Bairro da União em Parintins/AM” visa refletir sobre as brincadeiras nas ruas do bairro da União na perspectiva de compreender os processos de construção de territorialidades vivenci...

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Autor principal: Figueiredo, Angela Maria Rodrigues de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/4015783152572693
Grau: Tese
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2018
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6204
Resumo:
A tese apresenta os resultados de um estudo, cujo tema: “Crianças e territorialidades: as brincadeiras nas ruas do Bairro da União em Parintins/AM” visa refletir sobre as brincadeiras nas ruas do bairro da União na perspectiva de compreender os processos de construção de territorialidades vivenciados na liberdade das brincadeiras nas ruas. A rua geralmente é tida como perigosa e “fábrica do mal”, entretanto, neste contexto argumenta-se que esse espaço também pode agregar um universo simbólico, construído a partir das crianças que brincam, articulando o lugar com as dimensões culturais, subjetivas do contexto. Vista como um convite à ociosidade e à delinquência, estou a afiançar que a rua possui formas particulares de se viver as culturas da infância, essas vivências que ampliam as relações sociais das crianças com seus pares e fortalecem o elo entre as crianças e a cidade. No percurso dialoguei com diferentes áreas do conhecimento, a partir de um ponto de vista etnográfico para perceber a infância a partir das próprias crianças, o que as colocou na condição de protagonistas de sua própria história. Tudo isso para dar visibilidade aos seus fazeres, quase sempre subjugados como algo pouco importante e, ao mesmo tempo, compreender as formas como elas se relacionam com o espaço e como constroem suas geo-grafias e se colocam frente ao desafio de geo-grafar suas vidas por meio das brincadeiras, conformando novos territórios, novas territorialidades. (PORTO-GONÇALVES, 2001). Nesse ir-e-vir as crianças travam embates com veículos, disputam o espaço com pedestres e com outros grupos de crianças para se fazerem pertencer. A inserção do pesquisador nos grupos de brincantes foi o que me levou a empreender uma abordagem baseada nos pressupostos da etnografia como condição metodológica que permitem “olhar de perto” e no paradigma fenomenológico assumido como forma de interpretar as experiências vividas pelas crianças. Para isso a abordagem interdisciplinar foi necessária como movimento que permitiu dialogar com a Geografia, a Sociologia, a Filosofia e a Antropologia por meio de Corsaro (2011), Sarmento (2009), Benjamin (2009), Tuan (1983), Sack (2013), Raffestin (1993) e Vygotsky (1991) procurando “transitar” pelas bordas, para se interceptar com modos diferentes de conceber uma mesma questão. Os resultados apontam que não se deve banalizar as culturas construídas pelas crianças nas ruas, particularmente as brincadeiras, pois elas são mobilizadoras de construções identitária que fortalecem os vínculos entre as crianças e o lugar de pertencimento, entre as crianças e outras crianças, delas com os adultos e entre elas e a sociedade. Nas ruas também se aprende! Aprende-se a ser e agir em sociedade, a lidar com o imprevisível, com intempéries que uma vida fatalmente protegida no interior das instituições (escola e família) teoricamente as furtaria de viver, de se aventurar e de correr riscos. Nas ruas elas reconhecem suas identidades e criam elos entre a sua casa e mundo.