Manaus tem apresentado nos últimos 3 anos um total de 530 notificações de gestante HIV e neste mesmo período registrou 32 casos de AIDS em menores de 5 anos. O cenário exige medidas programáticas de saúde pública efetivas, principalmente na atenção básica, que se direcionem pelo cuidado compartilhado a estas mulheres com HIV na gestação, parto e puerpério. Diante disso, este estudo analisou as estratégias implementadas na rede de atenção de saúde municipal como resposta à transmissão vertical do HIV no Distrito de Saúde Sul em Manaus. Para tanto, mapeou os serviços disponíveis na rede municipal de atenção à saúde para a gestante HIV; Identificar convergências e divergências entre o percurso instituído e o real caminho percorrido pelas gestantes HIV na busca de assistência à saúde; e traçou o perfil socioepidemiológico das gestantes HIV acompanhadas pelo SAE sob gestão municipal no Distrito Sul. O percurso metodológico compreendeu os seguintes lócus e sujeitos: o Serviço de Atenção especializada em HIV da Policlínica Antônio Reis – SAE e as Unidades Básicas de Saúde - UBSs do Distrito Sul de saúde, no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde-SEMSA, e seus respectivos profissionais que acompanharam gestantes HIV em 2019. As gestantes HIV identificadas através dos registros do SAE em 2019 totalizaram 08 (oito) mulheres, a partir daí identificou-se os prontuários das mesmas e somente 07(sete) delas dispunham de referenciação de UBSs que compartilharam o cuidado. Ao todo foram entrevistados 08 (oito) profissionais de saúde, conforme os critérios de inclusão e exclusão, sendo 04 (quatro) profissionais do SAE e 04 (quatro) profissionais de UBSs. A pesquisa de campo iniciou em janeiro de 2020 e findou em março deste ano. Além das entrevistas foram realizadas análises documentais das evoluções dos prontuários das gestantes HIV referentes ao período da gestação nos equipamentos supracitados e dos indicadores do Banco de dados do SINAN local, do período de 2017, 2018 e 2019. Este traçado revelou que o pré-natal tem se iniciado tardiamente e consequentemente o acompanhamento da condição HIV também. As gestantes têm enfrentado dificuldades no acesso efetivo a exames, principalmente ao de genotipagem. O acompanhamento destas mulheres se dá predominantemente pela figura do médico e da enfermagem, assim como os registros apresentam-se sem muito detalhamento, as fichas de notificações em sua maioria não apresentam qualidade nas informações registradas, o que revela a fragilidade da equipe multiprofissional. A vinculação à maternidade, assim como a busca ativa, são estratégias enfraquecidas e não delineadas. Pontos como a responsabilidade na indicação de via de parto, orientação sobre a não amamentação e a disponibilização da fórmula láctea, não estão bem definidos, apesar de haver nos protocolos e legislações esses direcionamentos. O apoio familiar é crucial na adesão e acompanhamento desta gestante HIV. Os serviços existem no âmbito da SEMSA, porém com recursos humanos limitados. Em suma, é imperativo a qualificação da equipe multiprofissional, pois os gargalos identificados, no tocante a materialização das estratégias de enfrentamento à transmissão vertical, exigem o uso das tecnologias leves e leve duras. Fomentar momentos de trocas de experiências e construções profissionais coletivas é uma possibilidade frente aos problemas identificados.
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