Dissertação

Fauna de helmintos de juvenis de pirarucu, Arapaima gigas (Schinz, 1822) e aspectos de sua produção no município de Manacapuru-AM

Na América do Sul, o Brasil destaca-se com o maior produtor de peixes água doce e reúne condições favoráveis para tornar-se um dos maiores produtores de peixes do mundo. Um dos peixes nativos com potencial para piscicultura é o pirarucu (Arapaima gigas), desde que resolvidos os problemas na sua cade...

ver descrição completa

Autor principal: Gama, Marilson Farias
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/3396842447154053
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2021
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8611
Resumo:
Na América do Sul, o Brasil destaca-se com o maior produtor de peixes água doce e reúne condições favoráveis para tornar-se um dos maiores produtores de peixes do mundo. Um dos peixes nativos com potencial para piscicultura é o pirarucu (Arapaima gigas), desde que resolvidos os problemas na sua cadeia produtiva, nas áreas de reprodução, nutrição e sanidade. A falta de um pacote tecnológico na produção da espécie tem contribuído para baixa oferta de larvas e alevinos, além da alta taxa de mortalidade causada principalmente por doenças parasitárias e bacterianas. Com isso, o objetivo do estudo foi caracterizar as criações de A. gigas, registrar as ocorrências, identificar as espécies e determinar os índices de infestação/infecção parasitária (Capítulo I). Este estudo foi realizado em sete pisciculturas do município de Manacapuru – Amazonas, e registrado informações sobre estrutura de criação, área inundada, fonte de abastecimento de água, manejo e alimentação dos reprodutores, larvas e juvenis. Amostras de 10 peixes foram obtidas em cada piscicultura, totalizando 70 peixes. Cada amostra correspondeu a uma desova de A. gigas em cativeiro. Durante essas coletas foram registrados os parâmetros de qualidade de água. Os peixes foram medidos e pesados para cálculo da equação peso-comprimento e fator de condição. Após esta etapa, os peixes foram analisados quanto à presença de parasitos, e os espécimes encontrados foram fixados em etanol 70% e identificados a posteriori. Após quantificação dos parasitos foram calculados os índices parasitários. Nas pisciculturas a reprodução, alevinagem e recria de A. gigas eram realizadas em barragens e viveiros de terra, abastecidos com água represada, poço artesiano ou rio. A maioria das pisciculturas estão voltadas à reprodução e recria, os reprodutores eram alimentados com peixes forrageiros vivos e os juvenis inicialmente com zooplâncton natural, depois náuplios de artêmia até substituição total por ração comercial em pó. Os parâmetros de qualidade da água ficaram dentro dos padrões para o cultivo de espécies de peixes tropicais. O peso e comprimento dos peixes foram diferentes entre as pisciculturas (p<0,05) e o fator de condição (Kn=1,2) indicou boas condições corporais dos peixes. A. gigas apresentou crescimento alométrico negativo (b<3), indicando crescimento maior em comprimento do que em peso. Dos 70 peixes examinados, 43 estavam parasitados. Foram coletados 133 parasitos e identificados monogenea e digenea e os gêneros Hysterothylacium sp., Procamallanus (Spirocamallanus) sp. (Nematoda), Neoechinorhynchus sp. e Polyacanthorhynchus sp. (Acanthocephala). A prevalência various de 30 a 100% (média de 61,4%), a intensidade média de 1,0 a 8,1 (média de 3,1 ± 4,4) e a abundância média de 0,3 a 5,7 (média de 1,9 ± 3,8). Os parasitos monogenea foram coletados nas brânquias, digenea encistados na bexiga natatória e as larvas de Procamallanus (Spirocamallanus) sp. no intestino, todos com baixos índices parasitários. As larvas de Hysterothylacium sp. foram coletadas em todo o trato gastrointestinal de A. gigas, principalmente o mesentério. Os espécimes de Neoechinorhynchus sp. foram coletados no mesentério, enquanto Polyacanthorhynchus sp. no intestino. Hysterothylacium sp. apresentou os maiores índices parasitários, seguido por Neoechinorhynchus sp. A correlação entre abundância de parasitos e fator de consição relativo dos peixes não foi significativo (p > 0,05), mas as correlçaões entre peso e comprimento e abundância de parasitos foram significativas (p < 0,05). Destaca-se que a fauna parasitária de juvenis de A. gigas é composta majoritariamente por espécies de endohelmintos, pelo nematoide Hysterothylacium sp., patogênica e com potencial zoonótico e pelo acantocéfalo Neoechinorhynchus sp. Em adição, nesse estudo foi descrita uma nova espécie do filo Acanthocephala, parasitando juvenis de A. gigas cultivados no estado do Amazonas (Capítulo II). A descrição da nova espécie somente foi possível porque todos os espécimes de Neoechinorhynchus sp. foram encontrados na fase adulta. A nova espécie distingue de todas as outras do gênero por uma combinação de caracteres incluindo tronco menor, espinhos anteriores menores nos machos, espinhos mediano e posterior do mesmo tamanho em ambos os sexos, duas vesículas seminais abaixo do reservatório de cimento e em posição ventral. O local de fixação desta espécie difere de todas as outras espécies de acantocéfalos, no mesentério. Esta é a primeira espécie de Neoechinorhynchus descrita para uma espécie de peixe da família Arapaimidae e a décima espécie do gênero registrada no Brasil, e o nome Neoechinorhynchus arapaimensis é proposto. Como medidas de prevenção e controle de parasitoses é recomendável: desinfectar as estruturas de produção no final do ciclo produtivo, eliminar mcrófitas aquáticas, individualizar o abastecimento, instalar filtro ou tela no local de captação de água, realizar um rigoroso controle sanitário na reutilização da água, monitorar a qualidade de água, realizar avaliação sanitária dos peixes, adotar quarentena para peixes adquiridos em outras pisciculturas, ofertar uma dieta mista com peixes, ração e suplemento vitamíncio e mineral, alimentar os peixes com zooplâncton congelado, incluir na dieta aditivos imunoestimulantes, contactar técnico especializado para diagnóstico de doenças e medidas de controle, desinfetar utensílios e manter a assepsia dos funcionários.