Relatório de Pesquisa

Isaías Caminha e Augusto Machado: narrativas sobre o preconceito racial

Lima Barreto (1881-1922) viveu num período de profundas transformações nos campos político e social do Brasil. Ainda criança, Lima Barreto assistira à libertação dos escravos, no ombro de seus pais, no dia 13 de maio de 1888 casualmente dia do seu aniversário. Nos anos seguintes, Lima Barreto assi...

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Autor principal: Bianca Aguiar Melo
Grau: Relatório de Pesquisa
Idioma: pt_BR
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/3228
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spelling oai:localhost:prefix-32282021-11-10T17:42:37Z Isaías Caminha e Augusto Machado: narrativas sobre o preconceito racial Bianca Aguiar Melo Marcos Vinícius Scheffel Lima Barreto Escrita biográfica Preconceito racial LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES: LITERATURA BRASILEIRA Lima Barreto (1881-1922) viveu num período de profundas transformações nos campos político e social do Brasil. Ainda criança, Lima Barreto assistira à libertação dos escravos, no ombro de seus pais, no dia 13 de maio de 1888 casualmente dia do seu aniversário. Nos anos seguintes, Lima Barreto assistiu à solidificação do regime republicano, que fora fortemente influenciado pelo Positivismo movimento que tinha entre os seus pressupostos a superioridade de determinadas raças sobre outras. Filho de negros, neto de ex-escravos, o jovem Lima Barreto sentiu toda a força do preconceito racial e não calou perante as injustiças que se cometiam contra negros e mulatos. Essa visão crítica quanto às questões raciais no Brasil pode ser percebida nas cartas, nas anotações da intimidade, nas crônicas e na produção ficcional de Lima Barreto (contos e romances). Em 1909, Lima Barreto publicou o seu primeiro romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha. O livro, narrado em 1ª pessoa, denunciava o preconceito racial vigente no início do século XX no Brasil, o poder da imprensa e os descaminhos da nova ordem republicana. O livro foi duramente criticado e muitos viram em Isaías Caminha um auto-retrato do autor, que se aproveitava de sua personagem para se vingar de seus desafetos no meio político e literário. Esse traço confessional da literatura de Lima Barreto foi apontado como um ponto problemático da ficção do autor por várias gerações de críticos, que viam nessa inserção de dados mais imediatos da realidade uma falta de domínio da técnica do romance realista. É isso que explica a preferência da crítica pelo segundo romance do autor: Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) mais próximo dos pressupostos do romance realista e menos marcado pelo dado confessional. Em 1919, Lima Barreto retomava um narrador mulato em Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá. Esse último romance publicado em vida por Lima Barreto era na verdade um projeto engavetado pelo autor por mais de uma década daí talvez as similaridades entre Augusto Machado e Isaías Caminha, pois os projetos dos dois romances datavam do mesmo período. Apesar das similaridades, este último romance parece trazer uma perspectiva mais dialógica ao discutir a questão racial, pondo o personagem-narrador em contato com a visão privilegiada de Gonzaga de Sá, uma espécie de historiador da vida social do Rio de Janeiro. Nesse sentido, a comparação entre as trajetórias de Isaías Caminha e Augusto Machado pode trazer importantes constatações sobre a evolução do pensamento de Lima Barreto a respeito da questão racial no Brasil no início do século XX um período de profundas transformações na sociedade brasileira. FAPEAM 2016-09-23T15:25:53Z 2016-09-23T15:25:53Z 2013-07-31 Relatório de Pesquisa http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/3228 pt_BR Acesso Restrito PDF Universidade Federal do Amazonas Brasil Instituto de Agricultura e Ambiente - Humaitá PROGRAMA PIBIC 2012 UFAM
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